"Sou capaz de quase tudo, talvez até de matar e morrer, se a dor for insuportável. Sou capaz para o ilegal, o imoral, o insano, só não me sinto capaz para o injusto. Sou capaz de coisas que jamais farei, como me atirar de um pára-quedas de um avião, beber óleo de fígado de bacalhau e injetar silicone nos lábios, apenas nunca farei porque não há o que me motive.
Sou capaz para o segredo, sou capaz para o interno, sou capaz para o silêncio, sou capaz para o irrecuperável, sou capaz para o fracasso, sou capaz para o medo, sou capaz para o bizarro. Minha incapacidade é para a frescura, para a fofoca, para a vaidade, para a seriedade que conferem ao que é irrelevante, e quase tudo é irrelevante, quase tudo que está à vista.
Sou capaz para o que não conheço e torno-me quase incapaz para o que conheço bem demais. Sou pouco capaz para matemática, para a física, para a culinária, para a religião. Sou capaz para a loucura, mas costumo frear a tempo. E, quando preciso de solidão, sou capaz de me declarar inábil para tudo o mais, na esperança secreta de ser deixada em paz."
- Martha Medeiros
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Os textos dela são como vestidos feitos sob medida: servem direitinho para mim. Só não assino embaixo em uma parte: sinto uma motivação sem tamanho para o pára-quedas (!)
ps.: a saudade bateu, e ficou por aqui (também).
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