sábado, 31 de julho de 2010

Ando me divertindo (!) ...

Eu uso, tu usas, ele/ela usa... Ou seria: eu te uso, tu me usas, e ele/ela provavelmente também usa alguém?
Tenho recebido alguns depoimentos (e observado muito também) os diferentes tipos de relacionamentos atuais, as diferentes formas de comportamento diante algum conflito de interesses, da modernidade tão falada e da "caretice" camuflada na maioria deles. Estamos em tempos modernos, a mulher conquistando cada vez mais espaço, as estatísticas mostrando os prós e o os contras disso tudo, os homens também se adaptando à realidade que modifica-se todos os dias... E cada vez mais confusões são formadas! Sejam eles entre homens e mulheres, entre jovens e adultos ou até mesmo entre o famoso discurso do "bom comportamento" e do que a sociedade espera que você seja. Afinal de contas, você acha que entende o mundo no qual está vivendo?
Até que ponto a mulher conseguiu ser independente, aberta, desencanada...? Como os homens avaliam isso tudo, depois de anos evolutivos sobre o feminismo, sobre os famosos direitos trabalhistas, sobre a igualdade tão proclamada...? (...) Bem, de todas as perguntas, a única resposta que encontro é que todo mundo anda bem perdido (e confuso) ainda procurando sentido em alguma coisa: Homens, mulheres, jovens e adultos. É um estado de confusão generalizado, e se analisado mais de perto, muito engraçado de ver.
Digamos que se envolver, nos tempos modernos, está fora de moda: é considerado um estado social fatal pra quem quer aproveitar a quantidade de moçinhas e rapazes boa pinta que estão dando mole por aí: viver a liberdade para curtirem amigos, amigas dos amigos, beberem até cair, (salvo pelo estado de embriaguez necessário de auto-afirmação que existe hoje em dia: "bebo, logo existo") é o que existe de mais atual. Porém, a carência humana não deixa escapar a possibilidade (e curiosidade) de sempre a possibilidade de aproximar-se de alguém existir. Seja por aquela pessoa que você trocou poucas palavras monossilábicas (naquela festa com um som estridente), ou talvez por aquela apresentada por algum amigo (a), ou por aquele (a) profissional do trabalho que te despertou curiosidade de alguma forma. Inicia-se o processo "aproximação", camuflado diariamente pela expressão "estou apenas conhecendo-o (a) um pouco melhor". E com o início do processo, iniciam-se as batalhas mentais, sociais, comportamentais e biológicas (o corpo também luta contra vários sintomas físicos). Os famosos tempos modernos declaram dúvidas e impõem regras absurdas inventadas não sei por quem, nem por quais motivos. A luta vai desde o "ligar ou não ligar" ao "envolver-se ou não envolver-se"... Eis as questões! E nessa confusão generalizada encontramos os mais variados conjuntos: existem os indecisos, os sofredores, os nostálgicos, os sem noção, os que literalmente não estão nem aí pra ninguém, os que esperam encontrar o grande amor da sua vida comprando pão, os medrosos, os ninfomaníacos, os carentes de plantão, os baladeiros, os sonhadores, os céticos... (...) E mais: me atrevo a dizer que cada um desses aí descritos acima, dado pelo grau de confusibilidade existente atualmente, tem um lugar certo para cada momento vivenciado pela maioria!

sexta-feira, 30 de julho de 2010

As boazinhas que me perdoem

Qual é o elogio que toda mulher adora receber? Bom, se você está com tempo, pode-se listar aqui uns 700: mulher adora que verbalizem seus atributos, sejam eles físicos ou morais. Diga que ela é uma mulher inteligente e ela irá com a sua cara. Diga que ela tem um ótimo caráter, além de um corpo que é uma provocação, e ela decorará o seu número. Fale do seu olhar, da sua pele, do seu sorriso, da sua presença de espírito, da sua aura de mistério, de como ela tem classe: ela achará você muito observador e lhe dará uma cópia da chave de casa. Mas não pense que o jogo está ganho: manter-se no cargo vai depender da sua perspicácia para encontrar novas qualidades nessa mulher poderosa, absoluta. Diga que ela cozinha melhor que a sua mãe, que ela tem uma voz que faz você pensar obscenidades, que ela é um avião no mundo dos negócios. Fale sobre sua competência, seu senso de oportunidade, seu bom gosto musical. Agora, quer ver o mundo cair? Diga que ela é muito boazinha.

Descreva aí uma mulher boazinha. Voz fina, roupas pastéis, calçados rentes ao chão. Aceita encomendas de doces, contribui para a igreja, cuida dos sobrinhos nos finais de semana. Disponível, serena, previsível, nunca foi vista negando um favor. Nunca teve um chilique. Nunca colocou os pés num show de rock. É queridinha. Pequeninha. Educadinha. Enfim, uma mulher boazinha.

Fomos boazinhas por séculos. Engolíamos tudo e fingíamos não ver nada, ceguinhas. Vivíamos no nosso mundinho, rodeadas de panelinhas e nenezinhos. A vida feminina era esse frege: bordados, paredes brancas, crucifixo em cima da cama, tudo certinho. Passamos um tempão assim, comportadinhas, enquanto íamos alimentando um desejo incontrolável de virar a mesa. Quietinhas, mas inquietas.

Até que chegou o dia em que deixamos de ser as coitadinhas. Ninguém mais fala em namoradinhas do Brasil: somos atrizes, estrelas, profissionais. Adolescentes não são mais brotinhos: são garotas da geração teen. Ser chamada de patricinha é ofensa mortal. Pitchulinha é coisa de retardada. Quem gosta de diminutivos, definha.

Ser boazinha não tem nada a ver com ser generosa. Ser boa é bom, ser boazinha é péssimo. As boazinhas não têm defeitos. Não têm atitude. Conformam-se com a coadjuvância. Ph neutro. Ser chamada de boazinha, mesmo com a melhor das intenções, é o pior dos desaforos.

Mulheres bacanas, complicadas, batalhadoras, persistentes, ciumentas, apressadas, é isso que somos hoje. Merecemos adjetivos velozes, produtivos, enigmáticos. As inhas não moram mais aqui. Foram para o espaço, sozinhas.

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Martha Medeiros

Agosto de 1997

Livro: O Trem bala.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Dia da criança... (adorei essa)

"Querida, vou jogar futebol com os amigos. Vou chegar por volta das 11, mas se eu demorar, vê se não faz como da outra vez, em que você se chaveou dentro do quarto e deixou minha escova de dentes no corredor, com as cerdas enterradas no carpete."
"Primeiro a gente passa na casa da minha mãe, e depois, se der tempo, a gente passa na sua. Se não for assim eu nem saio de casa!"
"Você tem que ligar o secador bem na hora do documentário sobre os elefantes asiáticos? Semana passada você fez a mesma coisa durante os treinos da fórmula Indy. Por que você não seca esses cabelos na hora da Marília Gabriela, hein?"
"Você fingiu o orgasmo né? Achei você meio diferente hoje. Você fez um teatrinho, não fez? Pode contar amor, eu não vou brigar com você... (...) EU SABIA, SUA FALSA!"
"Sidney, não gosto quando você diz que me ama lendo o jornal. Será que você não pode dizer isso olhando para os meus olhos? Forçado, por quê? Ora, forçado! Que mania você tem de ser espontâneo. Diz, Sidney. Se você não disser eu vou achar que você não me ama. Olhando pra mim, Sidney, olhando pra mim!"
"Vem cá, dá uma espiada nessa cama. O meu lado tá todo arrumadinho, e no seu parece que passou um tornado essa noite. Você se mexe muito durante o sono, será que não dá pra dormir parado? Ah... Você não pode controlar o que faz dormindo... sei. Isso lá é argumento!"
"Você simplesmente não notou que eu mudei a cor do esmalte hoje."
"Você não quer que eu vá junto ao Bar do Artur porque esse cara dá em cima de você, é por isso que você só vai lá com suas amigas, não é? Ele te dá desconto, ao menos?"
(...)
Quem também é chegado numa criancice bota o dedo a-qui!
- Martha Medeiros
Livro: Montanha Russa.

Sobre o "Estar só"...

Lendo Martha Medeiros, me identificando absurdamente com as palavras escritas, e refletindo sobre tudo que vêm acontecendo na minha vida. Sentindo saudade, sentindo carinho, sentindo novidade. Sentindo a mudança também. Mudança que o tempo não retarda, lembranças que ninguém apaga, vontades que só eu sei. Sentindo as oportunidades batendo, fazendo um céu colorido com isso, e crescendo por dentro. Sozinha, tendo diálogos comigo mesma, e aprendendo a lidar com todas as minhas fases (e confusões).
Abaixo copiei na íntegra uma das crônicas que acabei de ler da autora mencionada acima. Ela retrata o prazer em também dar-se a oportunidade de conviver consigo mesmo... Nada mais conveniente depois da curta e rápida descrição acima.
"O que mais se lê e se ouve por ai são depoimentos de pessoas que falam da dificuldade de se encontrar alguém. Parece que todo mundo está só, precisando urgentemente de companhia. Talvez por isso eu tenha saboreado com especial prazer um trecho do livro As horas, de Michael Cunningham. Eu o reli depois de ter visto o filme e sigo preferindo o filme: que passa uma claustrofobia emocional que as palavras, no livro, não alcançaram. Mas num determinado aspecto o livro foi mais feliz: na parte em que descreve a necessidade de Laura Brown (no filme, Julianne Moore) de ficar absolutamente sozinha. No filme, ela se refugia num hotel. No livro, lógico, também, mas por escrito fica mais evidente esta necessidade que todos temos, de vez em quando, de não estar em parte alguma, de ficarmos inalcançáveis aos olhos dos outros.
Só existe um local onde podemos ficar 100% sós: dentro da nossa casa. Isso se tivermos a sorte de não ter marido, filhos e uma empregada. Sorte??? Esta mulher enlouqueceu! Foi só uma provocaçãozinha... Aqui entre nós: de vez em quando não dá vontade de mandar a família inteira para um safári na África e dar folga de vários dias para a empregada? Ficar com a casa todinha pra você, colocar os discos que você quiser, atender o telefone SE quiser, dormir e acordar quando bem entender e ter tempo para ler um livro inteiro, de ponta a ponta, sem interrupção? As que podem, estão dando entrevistas para as revistas femininas reclamando da falta de homem. Ninguém nunca está feliz!
Estar só, totalmente só, imperturbável, é um direito e um dever. Não todo o tempo, mas por um breve tempo, o tempo que a gente precisa para reencontrar a si mesma, para resgatar nossa mais pura essência, o tempo que a gente necessita para respirar, suspirar, transpirar, pirar: o que você faz quando ninguém te vê fazendo? Esta pergunta faz parte da letra de uma música do Capital Inicial. Não estou filosofando tanto assim.
Dentro de um cinema você fica com vergonha de chorar. No trânsito, o motorista do lado está vendo você botar o dedo no nariz. Num restaurante, você vai ter que confabular com o garçom. Numa praça, alguém vai lhe perguntar que horas são. Caminhar por uma rua bem movimentada até pode ser uma maneira de ficar só, já que multidões propiciam a invisibilidade. Mas não dá pra tirar os sapatos. Da próxima vez que você se queixar de que não tem ninguém para compartilhar seus bons e mais momentos, tente ver o lado positivo disso. Você tem a você. Você tem o seu canto. Não vai precisar pagar uma fortuna por poucas horas num quarto de hotel, como se fosse uma foragida, fazendo o que não gostaria que ninguém visse: sendo você mesma."

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Sem culpa na cama, mas...

"A sexualidade da mulher brasileira virou assunto obrigatório – tão obrigatório que chega a ser entediante", diz Mary Del Priore, numa coluna escrita na Revista Veja em junho, 2010.
"Nos lençóis macios, amantes se dão", como na canção de Roberto e Erasmo. Bonito, não? Mas foi preciso percorrer um longo caminho para que a brasileira visse os "travesseiros soltos" e as "roupas pelo chão". A ruptura só começou no fim dos anos 1960, e se consolidou nos anos 1970 e 1980. Antes, a mulher vivia em um mundo no qual manter as aparências de moça de família era fundamental. Nada de "proceder mal". A felicidade conjugal, do ponto de vista feminino, era ser complemento do marido no cotidiano doméstico, dormir de camisola e fazer amor à meia-luz. Nudez total? Só no escuro. Nada de acrobacias eróticas. Fundamental mesmo era ter bom senso: no caso de traição por parte do marido, "fingir ignorar tudo e esmerar-se na aparência para atraí-lo", como sugeriam as revistas femininas. As mesmas que definiam o bem-estar masculino como o bem supremo. E, para atingir tal bem-estar, qual a receita? Conquistar pelo coração e prender pelo estômago. Jamais discutir por dinheiro. Não se precipitar para abraçá-lo quando começasse a ler o jornal. E não contrariá-lo nem quando quisesse fumar um charuto, antes de dormir com luz acesa. Brigas entre o casal? A razão era sempre dele. Mas, se razões houvesse, ela tinha de resignar-se em nome da tal felicidade. O melhor era usar o "jeitinho": assim o marido cedia. Nada de enfrentamentos ou franqueza exagerada. Afinal, o temperamento poligâmico do homem explicava tudo. Em meados do século XX, continuava-se a acreditar que ser mãe e dona de casa era o destino natural da mulher. Já a iniciativa, a participação no mercado de trabalho, a força e o espírito de aventura definiam a masculinidade. A chegada maciça da pílula anticoncepcional às farmácias, na virada dos 60 para os 70, representou a antessala da chamada revolução sexual. Livre da sífilis, e ainda longe da aids, a jovem podia provar de tudo. O rock’n’roll introduziu a agenda: férias, velocidade e o lema "amai-vos uns sobre os outros". A batida e as letras indicavam a rebeldia diante da autoridade do mundo adulto. Nas capitais e nos meios estudantis, a moça escapava às malhas apertadas da família. Encontros em festas, festivais de música, atividades esportivas e clubes noturnos deixaram-na cada vez mais solta. Saber dançar tornou-se o passaporte para o amor e a tentativa de adaptação a um mundo novo e esforçadamente rebelde. Carícias se generalizavam. Na cama, novidades. A sexualidade, graças aos avanços da higiene íntima, se estendia ao corpo inteiro. Preliminares ficaram mais longas. Na moda, a minissaia começou a despir os corpos. Lia-se Wilhelm Reich, para quem o nazismo resultou da falta de orgasmos. A ideia de que os casais, além de amar, deviam ser sexualmente equilibrados começava a ser discutida por algumas "prafrentex", como se dizia. Era o início do direito ao prazer para todos, sem que a mulher fosse atormentada por se interessar por alguém. A imprensa da época revelava idas e vindas do "casal moderno". As reportagens anunciavam a necessidade de a mulher conhecer a si mesma (e aos homens). Afinal, ela já estava "cansada das angústias que a marcaram por tanto tempo". Quanto à "dificuldade de ser fiel", eis a conclusão de um texto de jornal daquele tempo: "Ora, a imagem da mulher emancipada não suprime a imagem da mulher essencialmente pura, basicamente fiel". Quanto ao homem, sua infidelidade seguia intocável. Havia ambiguidade semelhante em relação ao feminismo: se a mulher deixou de baixar a cabeça para passar a dizer "eu quero, eu posso, eu vou fazer", os primeiros sinais de desprezo pelo movimento não tardaram. A imprensa feminina, reflexo natural da sociedade, continuou a investir na figura da mãe e da dona de casa. Só que, agora, angustiada. Questionada pelos filhos e ameaçada pelas mais jovens, seu horror era "ser trocada por duas de 20". Multiplicavam-se as colunas do gênero "como salvei meu casamento". Para a liberada que aderisse à revolução sexual, não faltavam informações para "entrar no fechadíssimo clube das cabeças que pensam e decidem". Porém, para entrar no tal clube, era preciso ter cabelos esvoaçantes e corpo sedutor. O casal continuava a ser o ponto de referência. E, como antes, o homem era o juiz que avaliava a mulher. Ele era o seu objetivo e razão de ser. E, como antigamente, o "medo de se amarrar" continuava o mesmo. Os argumentos científicos brotavam para ilustrar as diferenças: "Ele tem, biologicamente, o instinto da conquista desde os tempos pré-históricos (...) já a maternidade dotou a mulher de uma estrutura emocional passiva". Início do século XXI: graças à pílula, o sexo não é mais uma questão moral, mas de bem-estar e prazer. O aumento de divórcios não impede a mulher de recomeçar. Por isso, seu álbum de família contém novos atores: enteados, meios-sogros, produções independentes. Ocupando cada vez mais os postos de trabalho, ela busca o equilíbrio entre o público e o privado. Entre parceiros, surgem regras e práticas mais igualitárias. Graças à independência financeira, ela não fica mais casada por conveniência, dividida entre o desejo de vários parceiros sexuais e a estabilidade necessária aos filhos. Seu percurso aponta para conquistas, mas também armadilhas. Se a profissionalização trouxe independência, trouxe também stress e exaustão. A desorganização familiar onerou, sobretudo, os mais indefesos: as crianças. A tirania da perfeição física empurrou a mulher não para a busca de uma identidade, mas de uma identificação. O nu, na mídia, despiu seu corpo em público, banalizando-o. Uma estética voltada ao culto da boa forma, fonte de ansiedade e frustração, levou a melhor. No início do século XXI, "liberar-se" tornou-se sinônimo de lutar, centímetro por centímetro, contra a decrepitude. A mulher continua submissa. Agora, não mais ao marido, mas à publicidade. E não há prisão pior do que aquela que não permite mudar nem envelhecer junto com o resto da população. Nas últimas décadas, ela participou de outro movimento: o que separou a sexualidade, o casamento e o amor. Foi o momento de transição entre a tradição das avós e a sexualidade obrigatória das netas. Ninguém mais quer casar sem "se experimentar". Frigidez, nem pensar. "Ficar e se mandar" é a regra. E só se fala em "sexualidade plural". Separada da procriação, sem culpa, ancorada pela psicanálise e exaltada pela imprensa, a sexualidade da mulher brasileira se tornou assunto obrigatório. Tão obrigatório que chega a entediar. Resta perguntar quem vai lavar, passar e arrumar os tais lençóis macios da cama. Os historiadores de amanhã dirão.
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O texto é de Mary Del Priore, historiadora, e é autora de História das Mulheres no Brasil (Editora Contexto).

Ser feliz...

Ser feliz não é ter uma vida perfeita, sem dor e sem lágrimas; mas saber usar as lágrimas para regar a esperança e a alegria de viver. Ser feliz é saber usar as pedras nas quais tropeçamos para reforçar as bases da paciência e da tolerância. Não é apenas se encantar com os aplausos e elogios; mas saber encontrar uma alegria perene no anonimato.
Ser feliz não é voar num céu sem tempestade, caminhar numa estrada sem acidentes, trabalhar sem fadiga e cansaço, ou viver relacionamentos sem decepções; é saber tirar a alegria de tudo isto e apesar de tudo isto. Ser feliz não é só valorizar o sorriso e a festa, mas saber também refletir sobre o valor da dor e a tristeza. Não é só se rejubilar com os sucessos e as vitórias, mas saber tirar as grandes lições de cada fracasso amargo. Ser feliz é não se decepcionar e nem desanimar com os obstáculos e dificuldades, mas usá-los para abrir as janelas da inteligência e modelar a maturidade. Ser feliz é ser forte na hora de perdoar, ter esperança no meio da batalha árdua, lutar com bravura diante do medo, saber suportar os desencontros. É acreditar que a vida é a maior empresa do mundo. Ser feliz é jamais desistir de si mesmo e das outras pessoas. É jamais desistir de ser feliz; vivendo e crendo que a vida é um espetáculo e um banquete. Ser feliz é uma atitude de vida; uma maneira de encarar cada dia que recebemos como um lindo presente de Deus. É não se esquecer de agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida que se renova. Ser feliz é crer que há pessoas esperando o seu sorriso e que precisam dele. É saber procurar o que há de bom em tudo e em todos, antes de ver os defeitos e os erros. Ser feliz é não fazer dos defeitos dos outros uma distância, mas uma oportunidade de aproximação e de doação de si mesmo. É saber entender as pessoas que pensam diferente de nós e saber ouvi-las atentamente, sem respondê-las com raiva. Ser feliz é saber ouvir o que cada pessoa tem a nos dizer, sem prejulgar ou desprezar o que tem para nos dizer. É saber sonhar, mas sem deixar o sonho se transformar em fuga alienante. Ser feliz é fazer dos obstáculos degraus para subir, sem deixar de ajudar aqueles que não conseguem subir os degraus da vida. É saber a cada dia descobrir o que há de bom dentro de você e usar isto para o seu bem e o dos outros. Ser feliz é saber sorrir, mas sem se esconder maliciosamente atrás do sorriso; mostrar-se como você é, sem medo. É não ter medo dos próprios sentimentos e ter coragem de se conhecer e de se amar. É deixar viver a criança alegre, feliz, simples e pacífica que existe dentro de você. Ser feliz é ser capaz de atravessar um deserto fora de si mesmo, mas ser sempre capaz de encontrar um oásis dentro no seu interior. Ser feliz é ter coragem de ouvir um ‘Não’ e continuar a caminhada sem desanimar e desesperar. É ser capaz de recomeçar de novo quando se errou o caminho. É acreditar que a vida é mais bela do que as suas dores, desafios, incompreensões e crises. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se fazer autor da própria história. Ser feliz é ter maturidade para saber dizer “eu errei”; “eu não sei”; “eu preciso de você”… Ser feliz é ter os pés na terra e a cabeça nas estrelas; ser capaz de sonhar, sem medo dos sonhos, mas saber transformar os sonhos em metas. Ser feliz é ser determinado e nunca abrir mão de construir seu destino e arquitetar sua vida; não ter medo de mudanças e saber tirar proveito delas. Saber tornar o trabalho objeto de prazer e realização pessoal. Ser feliz é estar sempre pronto a aprender e se orgulhar de absorver o novo. Ter coragem para abrir caminhos, enfrentar desafios, criar soluções, correr riscos calculados. Sem medo de errar. Ser feliz é saber construir equipes e se integrar nelas. Não tomar para si o poder, mas saber compartilhá-lo. Saber estimular e fortalecer os outros, sem receio que lhe façam sombra. É saber criar em torno de si um ambiente de fé e de entusiasmo. Ser feliz é não se empolgar com seu próprio brilho, mas com o brilho do resultado alcançado em conjunto. É ter a percepção do todo sem perder a riqueza dos detalhes. Ser feliz é não se esquecer de agradecer o Sol, desfrutar gratuitamente dos encantos da natureza, do canto dos pássaros, do murmúrio do mar, do brilho das estrelas, do aroma das flores, do sorriso das crianças. Ser feliz é cultivar muitas amizades; é estar pronto para ser ofendido sem ofender, sem julgar e condenar. Ser feliz é não ter inveja e saber se contentar com o que se tem; é saber aproveitar o tempo que passa; é não sofrer por antecipação o que ainda não aconteceu; é saber valorizar acima de tudo a vida. Ser feliz é falar menos do que se pensa; é cultivar uma voz baixa. É nunca deixar passar uma oportunidade sem fazer o bem a alguém. Ser feliz é saber chorar com os que choram, sorrir com os que sorriem, orar com os que oram. Ser feliz é saber discordar sem se ofender e brigar; é recusar-se a falar das faltas dos outros; é não murmurar. Ser feliz é saber respeitar os sentimentos dos outros; não magoar ninguém com gracejos e críticas ácidas. Ser feliz é não precisar ficar se justificando; pois os amigos não precisam de explicações e os inimigos não acreditam nelas. Ser feliz é nunca se revoltar com a vida; é agir como a árvore que permanece calada mesmo observando com tristeza que o cabo do machado que a corta é feito de sua madeira. Ser feliz é ser como a raiz da árvore que passa a vida toda escondida para poder sustentá-la. Ser feliz é não deixar que a tristeza apague o seu sorriso; é não permitir que o rancor elimine o perdão; que as decepções eliminem a confiança; que o fracasso vença o desejo da vitória; que os erros vençam os acertos; que a ingratidão te faça parar de ajudar; que a velhice elimine em você o ânimo da juventude; que a mentira sufoque a verdade. Ser feliz é ter força para ser firme, mas ter coragem para ser gentil; é ter coragem para ter dúvida. Ser feliz é ter o universo como caminho; o amor como lei; a paz como abrigo; a experiência como escola; a dificuldade como estímulo; o trabalho como benção; o equilíbrio como atitude; a dor como advertência; a perfeição como meta. Ser feliz é amar a Deus e ao próximo. Prof. Felipe Aquino

terça-feira, 13 de julho de 2010

Um sexto da humanidade consome 78% de tudo que é produzido no mundo (!)

O Instituto Akatu e o Worldwatch Institute (WWI), organização com sede em Washington, lançaram na manhã de quarta-feira (30/6), a versão em português do relatório “Estado do Mundo – 2010”. O documento é uma das mais importantes publicações periódicas mundiais sobre sustentabilidade.
Um dos dados que mais chama atenção no relatório é que ele aponta que apenas um sexto da humanidade consome 78% de tudo que é produzido no mundo. E conclui “sem uma mudança cultural que valorize a sustentabilidade em vez do consumismo, nada poderá salvar a humanidade dos riscos ambientais e de mudanças climáticas.
Segundo dados do relatório, na última década, a humanidade aumentou seu consumo de bens e serviços em 28%. Somente em 2008, foram vendidos no mundo 68 milhões de veículos, 85 milhões de refrigeradores, 297 milhões de computadores e 1,2 bilhão de telefones celulares.Para produzir tantos bens, é preciso usar cada vez mais recursos naturais. Entre 1950 e 2005, a produção de metais cresceu seis vezes, o consumo de petróleo subiu oito vezes e o de gás natural, 14 vezes. Atualmente, um europeu consome em média 43 quilos em recursos naturais diariamente – enquanto um americano consome 88 quilos, mais do que o próprio peso da maior parte da população.
Os dados do relatório podem ser perfeitamente utilizados para todos os fins, sejam econômicos, ambientais ou acadêmicos. Por esta razão justifica que todos leiam e tirem suas conclusões, e também provoquem reflexões junto aos seus pares profissionais ou acadêmicos.
- Visite a página e leia o relatório completo:

Tudo... passa!

"Todas as coisas, na Terra, passam... Os dias de dificuldades, passarão... Passarão também os dias de amargura e solidão... As dores e as lágrimas passarão. As frustrações que nos fazem chorar... um dia passarão. A saudade do ser querido que está longe, passará. Dias de tristeza... Dias de felicidade... São lições necessárias que, na Terra, passam, deixando no espírito imortal as experiências acumuladas. Se hoje para nós, é um desses dias repletos de amargura, paremos um instante. Elevemos o pensamento ao Alto, e busquemos a voz suave da Mãe amorosa a dizer-nos carinhosamente: isso também passará... E guardemos a certeza, pelas próprias dificuldades já superadas que não há mal que dure para sempre. O planeta Terra, semelhante a uma enorme embarcação, às vezes parece que vai naufragar diante das turbulências de gigantescas ondas. Mas isso também passará, porque Jesus está no leme dessa Nau, segue com o olhar sereno de quem guarda a certeza de que a agitação faz parte do roteiro evolutivo da humanidade, e que um dia também passará... Ele sabe que a Terra chegará a um porto seguro, porque esse é o seu destino. Assim, façamos a nossa parte o melhor que puderem, sem esmorecimento, e confiemos em Deus, aproveitando cada segundo, cada minuto que, por certo... também passarão..."

"Tudo passa... com exceção da certeza do amor de Deus por cada filho seu! Deus é suficiente!"

(Emmanuel/ Chico Xavier)

sábado, 10 de julho de 2010

"Eu me lembro muito bem, como se fosse amanhã..."

Madrugada sempre como uma fonte de inspiração (ou não).
Talvez com espaço aberto para pensamentos diversos, soltos, desordenados e dependendo da ordem, com ou sem sentido. E hoje especialmente reflexiva (ou analítica... talvez até mesmo momentaneamente intérprete). Frases, pensamentos, matérias, notícias, palavras soltas (ou juntas), carregando significado específico (ou não) me aguçam, chamam a minha inconstante, rápida, temporária e frágil atenção. E foi em meio a isso, que diante uma frase "flutuante" inicialmente sem sentido de um amigo, que tive acesso à música "Armas químicas e poemas", lançada em 2004 no álbum Acústico MTV Engenheiros do Hawaii. Logo, me fiz uma pergunta óbvia, nítida, impossível de não ser feita: Como é ter... saudade do futuro? Como é lidar com a expectativa do que iremos lidar amanhã (num mundo tão cheio de promessas, ameaças, frustrações, lutas, guerras de todos os tipos)? Lidar com a experiência de nos relacionarmos com o que o futuro nos reserva... Positivo, ou negativamente? Ter anseios e ganhar liberdade nos sonhos que temos para realizarmos... Estar numa linha de pensamento mais intensa do que o agora! Que filosofia pop complexa para um final de sexta-feira!
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Eu me lembro muito bem, como se fosse amanhã
O sol nascendo sem saber o que iria iluminar
Eu abri meu coração como se fosse um motor
E na hora de voltar sobravam peças pelo chão
Mesmo assim eu fui à luta... eu quis pagar pra ver
Aonde leva essa loucura
Qual é a lógica do sistema
Onde estavam as armas químicas... o que diziam os poemas
Afinal de contas?
O que nos trouxe até aqui, medo ou coragem?
Talvez nenhum dos dois
Sopra o vento, um carro passa pela praça
E já foi... já foi
Por acaso eu fui à luta... Eu quis pagar pra ver
Aonde leva essa loucura
Qual é a lógica do sistema
Onde estavam as armas químicas
O que diziam os poemas
O tempo nos faz esquecer o que nos trouxe até aqui
Mas eu lembro muito bem como se fosse amanhã
Quem prometeu descanso em paz
Depois dos comerciais!
Quem ficou pedindo mais
Armas químicas e poemas!
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terça-feira, 6 de julho de 2010

Felicidade não precisa de culpa!

02:02 a.m. Tenho um sono com temperamento bastante instável: às vezes que chega, chega de mansinho, sem se impor. Daí eu o distraio, acabo vindo aos blogs, aos telefonemas, aos orkuts, às notícias... E ele vai dar uma volta: no momento deve estar passeando em algum lugar, e quando chegar vai ser com o intimato! Porém, nesse meio tempo, folheando as atualizações recentes de pessoas conhecidas, vi a frase que dá título a esse texto, e no momento, caiu como uma luva. Frase essa que está na letra da música de Zélia Duncan, O Habitat da Felicidade (que obviamente achei bem pertinente copiar e colar aqui)...
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Felicidade não precisa de culpa
Felicidade é o alívio da dor
Felicidade é higiene mental
Exercício da alma
Só alguém
Que na vida tanto sofreu todo tipo de dor
Sabe dar valor
Aos caprichos da felicidade
Felicidade não precisa de culpa
Felicidade é fome de amor
Felicidade é a temperatura
Da febre que eu sinto
Eu sei que amanhã pode ser tarde
Pra recuperar
O tempo que eu passo sonhando acordado
Com a felicidade
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Felicidade é isso: é festa, abraço, inquietação. É sem ter porquê nem pra que, é sem motivo, não é razão. É não exigir culpados, é não deixar sob a responsabilidade de ninguém. É a fome de tudo e a saciedade compensada. É muito bom, e mais nada! Eu? No momento, feliz! Sem culpas, culpados ou adjacências. Minha realidade reinvento por necessidade, e como diz Lispector: "Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido."

sábado, 3 de julho de 2010

Bloco de Notas.

01:07 a.m. Brasil perdeu a copa para a Holanda, puts... Foi bom ter visto só o primeiro tempo mesmo, ao menos fico com lembranças de algumas boas jogadas perdidas. No momento, brigando contra o sono: relutando em descansar, procurando redirecionar pensamentos. Pensando na interferência do tempo em nossas atitudes e realizações. Em um momento estamos ansiosos para que as coisas aconteçam rápido. Em outro, relembrando o porque de tudo ter passado tão depressa. E tem sido assim desde menina, quando ansiava em ter meus completos 18 anos numa velocidade alucinante. Sempre idealizando, potencializando nossas energias em tempos futuros, melhores, diferentes, com expectativas. Quem já não depositou ansiedade em futuras viagens, futuros negócios, relacionamentos, fases da vida... E quando menos se pode perceber, tudo só restam em fotos e lembranças...? O mais interessante é que tudo renova-se na mesma velocidade frenética de alcançar todos os objetivos. E cada vez mais pessoas, momentos, culturas, são sendo inseridas repetidamente em nossa bagagem mental e psicológica. Cultivamos sentimentos, sensações, desejos. E em insanos momentos (como agora) quero apertar o controle remoto e voltar um pouco, ou muito, ou o desejável. Quero (re)viver momentos... Aqueles momentos aos quais minha memória e sentidos não me deixam esquecer. Voltar à infância. Aos tempos de colégio, à preocupação pouca, aos tempos dedicados à dança, ao teatro, à cozinha, aos filmes no final da tarde com as amigas. Voltar um pouco à faculdade. Aos risos e trocas maravilhosas que fizemos. À sensação do primeiro emprego, das amizades novas, da ansiedade depositada naquilo tudo. Ao tempo maravilhoso de um amor intenso, de um cuidado único, de abraços, de ombros... Das conversas! De um determinado carinho consentido, do apoio, da certeza constante, da cumplicidade. Voltar às viagens com as amigas, àquela festa tão esperada. Voltar. Simplesmente voltar um pouco. E não no desejo de fazer diferente: de fazer exatamente como se fez, afinal de contas, estou falando de recordações boas. Se hoje não tenho mais motivos de tê-las comigo é porque o tempo é outro, como disse antes, tudo transforma-se, modifica-se, mudam de lugar. Independente do tempo em que se queira ao menos um pedaçinho de recordação e (re)vida, vou estocando tudo isso de forma que me acrescente sempre as melhores sensações. O sabor bom de tê-las comigo, todas guardadas, sem poder "rebobinar", mas tendo certeza que fui em alugm momento lá atrás muito feliz com elas (e que com certeza me ajudaram na pessoa que sou hoje).
E agora? Indo deitar com a cabeça pesada, olhos entreabertos e cansados, com lembranças e saudades disso tudo. Daí...