Final de semana em Gravatá. Família, momentos únicos, e divisão de uma rotina maravilhosa de se ter com os que são seus. Vinho, música, partidas ganhas de um dominó viciado e uma caça a um morcego intrometido em plena madrugada fizeram o saldo desse final de semana ter bastante positividade. As coisas andam sendo mostradas. Esclarecidas, apresentadas, jogadas na cara e nas lembranças.
Com um projeto da pós-graduação para iniciar. Com algumas bibliografias do mestrado pra ler. Com uma prova de inglês atrasada pra fazer – e estudar.
E me dando ao luxo de pensar na vida, escrever textos (por enquanto bem guardados) e ler Martha Medeiros nos intervalos do final de semana como se nada fosse mais urgente.
Mas... Qual cabeça consegue concentração se a inspiração teima em aparecer? Não são todos os dias que ela se faz presente, então... Mãos à obra no Word. Tudo caminha no fluxo mais harmonioso de se ter.
(...)
Segue uma crônica da Martha... Deliciem-se!
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“Urgência emocional: uma cilada. Associamos diversas palavras ao amor: paixão, romance, sexo, adrenalina, palpitação. Esquecemos, no entanto, da palavra que viabiliza esse sentimento: paciência. Amor sem paciência não vinga. Amor não pode ser mastigado com emergência, com fome desesperada. É preciso degustar cada pedaçinho do amor, no que ele tem de amargo e de saboroso, no que ele tem de duro e de macio, os nervos do amor, as gorduras do amor, as proteínas do amor, as propriedades todas que ele tem. É uma refeição que pode durar uma vida.
Mas não. Temos urgência. Queremos a resposta do e-mail ainda hoje, queremos que o telefone toque sem parar, queremos que ele se apaixone assim que souber o nosso nome, queremos que ela se renda logo após o primeiro beijo, e não toleramos recusas, e não respeitaremos dúvidas, e não abriremos espaço na agenda para esperar.
Temos todo tempo do mundo, dizem uns; não há tempo a perder, dizem outros: a gente fica perdido no meio desse fogo cruzado, atingidos por informações várias, vivências diversas, parece que todos sabem mais do que nós, pobres de nós, que só queremos uma coisa nessa vida, ser amados. Podemos esperar por todo o resto: emprego, dinheiro, sucesso, mas não passaremos mais um dia sequer sozinhos; te adoro, dizemos sei lá pra quem, para quem tiver ouvidos e souber dizer “eu também”, que a gente está mais a fim de acreditar do que de selecionar.
Urgência emocional. Pronto-socorro do amor. Atiramos para todos os lados e somos baleados por qualquer um. E o coração leva um monte de pontos por causa dessa tragédia: pressa.”
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Martha Medeiros.