segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Um quase acidente.

Um domingo normal, com a família reunida: dedicado ao aproveitamento dos primos, das crianças, das risadas aos montes. Cenário com água de coco, cervejas jogadas, dominó na mesa, boa música, aproximação. Um dia como outro qualquer, programado para sentir o sabor do bem querer, da paz que o mar traz, do descanso tão quisto. Seguiu bem, com sabor. Foi terminando com o gostinho que a maresia traz, depois de um tempo exposto a ela. Um dia com prognóstico bom de término, sem sobressaltos, com abraços findos. Volta pra casa, divisão dos carros. Viagem com a narrativa da prima de 06 anos do dia que teve, dos momentos, das brincadeiras aos montes, do mar tão amigo e do quanto tinha se divertido.
Eis a surpresa (aquelas surpresas as quais você faria de tudo para não tê-las). Um meio fio que não cabia no contexto, e uma virada súbita para seu desvio. Desgoverno. Contramão. Um quase capotamento. Três voltas. Sentimento de impotência e um abraço forte à criança que estava comigo. A parada, depois de alguns segundos intermináveis, estratégica e sem explicação. Todos intactos, assustados, desnorteados... Silêncio.
Um silêncio que carregou a insegurança e os pensamentos soltos com várias conclusões para o que poderia ter acontecido. Consciência recuperada para a tragédia que poderia ter sido. Nestas horas, quando a instabilidade toma conta e as projeções começam a ser feitas, todo mundo para. As conjecturas e as possibilidades tomam contam e as diversas explicações começam a ser vislumbradas: se voltam para os carros, que não estavam na avenida movimentada na entrada da noite de domingo, e ausentes também da contramão evitando uma possível (e iminente) colisão. O resultado que teríamos se a colisão tivesse acontecido. O resultado se minutos fossem acrescentados ou diminuídos. As pessoas amadas que estavam em risco de sofrerem consequências. As atitudes que poderiam ter piorado o cenário.
Começa-se o exercício da solidariedade: O colocar-se no lugar do outro. O sentir-se responsável por outras vidas. A culpa, e a dificuldade de aceitação do irmão condutor se alguém tivesse sido machucado, ou tivesse que passar por dificuldades de recuperação.
Inicia-se um processo de um quase aprendizado forçado: a avaliação imediata para as atitudes realizadas cotidianamente predominam, por um tempo. As escolhas tomadas diariamente começam a sofrer influência da quase fatalidade acontecida. A emoção, de todos estarem intactos predomina. O supervalorizar quem está do seu lado fica evidenciado.
E o agradecimento acontece. Seja por aqueles que acreditam em intervenções divinas, no destino, em anjos, em espíritos protetores presentes ou até mesmo na sorte. Independente da crença de cada um, quase acidentes tem sua serventia.
Eles acordam, mexem, nos fazem refletir. São adaptáveis para necessidades existentes de conscientização. Reforçam cuidados. Alertam perigos e nos faz enxergar a fragilidade a qual o ser humano é imerso, e que, por muitas vezes, não sente.

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