domingo, 30 de outubro de 2011

Extravio particular.

Saudade eu tenho do que não nos coube. Lamento apenas o desconhecimento daquilo que não deu tempo de repartir. Você não saboreou meu suor, eu não lhe provei as lágrimas. É no líquido que somos desvendados. No gosto das coisas o amor se reconhece. O meu pior e o seu melhor, ficaram sem ser apresentados.


Martha Medeiros (Cartas Extraviadas)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

...


ELE anda cansado das baladas e dos casos furtivos sem sentimentos. Aprendeu a gostar da própria companhia, sem precisar estar em uma turma de amigos todos os sábados. Decidiu que quer um amor verdadeiro… que pode nem ser eterno, mas que traga um sabor doce às suas manhãs, que seja a melhor companhia para olhar a lua. Que ele possa exibir os seus dons na cozinha e o seu conhecimento em vinhos, só para ela.
Quer uma mulher que ele reconheça pelo cheiro dos cabelos, pelo toque dos dedos, pela gargalhada que vai ecoar pela casa transformando um domingo sem graça, no melhor dia da semana. Quer viver uma paixão tranqüila e turbulenta de desejos… quer ter para quem voltar depois de estar com os amigos, sem precisar ficar “caçando” companhias vazias e encontros efêmeros. Quer deitar no tapete da sala e ficar observando enquanto ela, de short jeans, camiseta e um rabo de cavalo, lê um livro no sofá, quer deitar na cama desejando que ela saia do banho com uma lingerie de tirar o fôlego.
Quer brincar de guerra de travesseiros, até que o perdedor vá até a cozinha pegar água. Quer o poder que nenhum dos seus super heróis da infância tiveram… o poder de amar sem medo, sem perigo e sem ir embora no dia seguinte. Quer provar que pode fazer essa mulher feliz!

ELA quase deixou de acreditar que seria possível ter vontade de se envolver novamente. Foram tantas dores, finais, recomeços e frustrações que pensou em seguir sozinha para não mais se machucar. Então percebeu que a vida de solteira já não está fazendo tanto sentido. Decidiu que quer um amor verdadeiro… que pode nem ser eterno, mas que possa acordá-la com um abraço que fará o seu dia feliz, quer um homem que ela possa cuidar e amar sem receios de que está sendo enganada. Quer a alegria dos finais de semana juntinhos, as expectativas dos planos construídos, o grito de “gol” estremecendo a casa quando o time dele estiver ganhando… a cumplicidade em dividir os segredos.
Quer observá-lo sem camisa, lendo o jornal na varanda… quer reclamar da bagunça no banheiro, rindo e gritando quando ele revidar puxando-a para o chuveiro, completamente vestida.
Quer a certeza de abrir a porta de casa e saber que mesmo ele não estando, chegará a qualquer momento trazendo o brigadeiro da doceria que ela gosta tanto. Quer beijar, cheirar, morder, beliscar e apertar para ter certeza que a felicidade está ali mesmo… materializada nele. Quer provar que pode fazer esse homem feliz!

ELES estão por aí… sonhando um com o outro… talvez ainda nem se conheçam… mas é só uma questão de tempo, até o destino unir essas vidas que se complementam e estão ávidas para amar e fazer o outro feliz. Ou alguém duvida que o universo traz aquilo que desejamos?

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O certo, o errado, e aquilo que nos dá medo.

"Há o certo, o errado e aquilo que nos dá medo, que nos atrai, que nos sufoca, que nos entorpece."
Martha Medeiros

E quando tudo se mistura, fica deliciosamente bom de sentir. Por vezes certo, bom, digno de ser vivido e saboreado aos montes. Por outras: errado, complicado, distante e fora de realidade. Dá medo, afasta, coloca as cartas na mesa a ponto de querer te fazer desistir. Depois... Atrai, encanta, sussura e te faz sentir mulher (quista). Sufoca. Entorpece. É certo, errado e tudo misturado ao mesmo tempo.
"Medo de ser engolida como se fosse líquido, de ser beijada como se fosse líquen, de ser tragada como se fosse leve. Medo de que ele morda os lábios e prove o seu sangue. Medo de que ele seja melhor do que suas respostas, pior do que as suas dúvidas. Medo do cheiro dos travesseiros. Medo do cheiro das roupas. Medo do cheiro nos cabelos. Medo de não respirar sem recuar. Por várias vezes deu medo de não mastigar a felicidade por respeito. Deu medo de passar pela felicidade sem reconhecê-la. Medo de enlouquecer sozinha. Tive medo de já estar apaixonada."


Vozes.

Existem vozes que seduzem, conduzem, te deixam tonta.
E entre seduzir e conduzir estão nitidamente dois pontos importantes: sabem o que é pra ser dito, e te levam pra onde quiserem ir.
Contadores de histórias. Convicção. Segurança. Firmeza. Veracidade.
Por mais que você acredite no contrário.
Têm poder.
E não se pode lutar contra isso.

domingo, 23 de outubro de 2011

...

‎"Não sou boa com números. Com frases-feitas. E com morais de história. Gosto do que me tira o fôlego. Venero o improvável. Almejo o quase impossível. Meu coração é livre, mesmo amando tanto. Tenho um ritmo que me complica. Uma vontade que não passa. Uma palavra que nunca dorme. Quer um bom desafio? Experimente gostar de mim. Não sou fácil. Não coleciono inimigos. Quase nunca estou pra ninguém. Mudo de humor conforme a lua. Me irrito fácil. Me desinteresso à toa. Tenho o desassossego dentro da bolsa. E um par de asas que nunca deixo. Às vezes, quando é tarde da noite, eu viajo. E - sem saber - busco respostas que não encontro aqui. Ontem, eu perdi um sonho. E acordei chorando, logo eu que adoro sorrir... Mas não tem nada, não. Bonito mesmo é essa coisa da vida: um dia, quando menos se espera, a gente se supera. E chega mais perto de ser quem - na verdade - a gente é."
Fernanda Mello

sábado, 22 de outubro de 2011

Negro Rei - Cidade Negra.


Prende a tristeza meu erê
Sei que essa dor te faz sofrer
Mas guarda esse choro
Isso é um tesouro
Ó filhos de rei
Quem é que sabe como será o seu amanhã?

Ah... se eu soubesse!

... Que aceitar uma simples dança iria me fazer querer mais histórias. Que permitir a entrada iria me fazer não querer a partida. Que o encanto exacerbado iria me deixar tonta e sem saber o que fazer. Que tudo, num determinado momento iria fugir do meu controle. Ah... se eu soubesse!
Juro que teria toda satisfação do mundo em negar seu pedido e continuar aquela noite como se não tivesse te conhecido.

Mas no fundo, a gente sempre sabe onde se mete. Ah, sabe!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Os Outros e a Rede Social

Atualmente lidamos com um mundo de várias redes sociais e compartilhamento aos montes das mais variadas informações e "sentimentos". E em muitos casos, as pessoas se tornam vítimas da própria exposição permitida. Seja a quantidade de fotos compartilhadas, a descrição de todos os lugares frequentados ou da narração de todas as ações cotidianamente realizadas.
Lembro que antes o que era alvo de críticas era o status do "MSN": as variadas indiretas (ou diretas mesmo) eram muito comuns para quem quer que fosse: paquera, ex namorado (a), amigos, ou até mesmo sendo alvo de cultivo para declarações de amor.
Veio o orkut e seu compartilhamento de momentos: inicialmente apenas com um álbum de no máximo 12 fotos, que se você quisesse expor mais momentos seus, você tinha que as ficar trocando e estabelecendo ordem de prioridade. Depois o orkut veio com a brilhante reformulação e permitiu com que seus usuários postassem fotos e criassem álbuns sem "limites" previamente determinados. A atualização do status veio logo em seguida em uma de suas modificações, mas ainda era muito tímida sua utilização.
E então: facebook. Onde ir ao banheiro deixou de ser algo íntimo e ir à academia deixou de ser algo só da sua rotina. A ida à uma entrevista de emprego, estar almoçando com amigos, ou ir àquela festa badaladíssima são necessidades de compartilhamento e autoafirmação para a "vida social movimentada".
Hoje ouvi um desabafo de uma amiga: "as pessoas se metem muito no que eu faço ou deixo de fazer". Logo em seguida, a conclusão dela própria para a exposição ao qual ela mesma se permitia fazer: "talvez se filtrasse melhor a quantidade de informações e limitasse o que eu faço ou deixo de fazer, amenizasse".
Será? De certo, ajudaria.
Imagine uma rede de amigos integrados e todos tendo acesso e permissão a saber o que você "posta". Imagine agora você descrevendo seu dia e respondendo às perguntas: "O que você está pensando?" ou "O que está acontecendo agora?"... Vamos lá para as variadas possibilidades:
#Saindo de casa/do motel (meio improvável, mas vai saber)/ou de onde for
#Entrando no carro/pegando um ônibus/bicicleta/cavalo/seja o que for
#Indo trabalhar/estudar/malhar/seja o que for
#Indo pra uma festa encontrar aquela pessoa especial/ou seja quem for
#Cozinhando/jantando/comendo/almoçando/fazendo regime/ou de jejum/ou o que for
#Sofrendo/sorrindo/cantando/dançando/chorando/ou seja lá em que estado emocional você esteja
#Indo ao banheiro, me esperem aqui!
(e #etc #etc #etc #etc)
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É ou não é pedir para "adentrarem" no que você faz ou deixa de fazer?
E o mais engraçado? É que tudo isso tem suas vantagens (e a rede sendo bem utilizada, essas vantagens se multiplicam). Aproxima interesses, permite socializações interessantes, agrupa afinidades e te permite saber um pouco mais do que antes era visto apenas como "alguém que trabalha com enfermagem ou que mora no mesmo bairro que eu". Permite saber (se você quiser que as pessoas saibam) o que voce faz da vida, e como você enxerga a vida: se é preto e branca, verde e amarela, ou colorida. Permite saber os sons que você curte, os vídeos e os seus gostos pra TV. Permite "curtir" hábitos louváveis e atos que merecem divulgação.
Importante considerar: as opções de privacidade estão abertas e disponíveis para serem utilizadas. Pode-se criar um momento de discussão com 10 ou 3 amigos e ficar entre os mesmos (sem demais bisbilhotagens), mas vejo poucos por aí.
O texto abaixo é em homenagem a uma amiga, mas a identificação, essa tem porta aberta para entrada!
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ABRE PARÊNTESE:
Sem intenções de julgar qualquer utilização já vista por aí (até por que acompanhei a "evolução" e tenho todas redes descritas acima), mas a intenção é parar e refletir um pouco. [Até por que cada um a utiliza como achar que deve]
FECHA PARÊNTESE
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"Quando eu era pequena não tinha medo nenhum de bicho-papão, mula-sem-cabeça ou de bruxa malvada. Quem me aterrorizava era outro tipo de monstro. Eles atacavam em bando. Chamavam-se OS OUTROS. Nada podia ser mais danoso que OS OUTROS. As crianças acordavam de manhã já pensando neles. Quer dizer, as crianças não: as mamães. Era com OS OUTROS que elas nos ameaçavam caso não nos comportássemos direito. Se não estudássemos, OS OUTROS nos chamariam de burros. Se não fôssemos amigos de toda a classe, OS OUTROS nos apelidariam de bicho-do-mato. Se não emprestássemos nossos brinquedos, OS OUTROS nunca mais brincariam conosco. E o pior é que as mães não mantinham a lógica do seu pensamento. 'Mas mãe, todo mundo dorme na casa dos amigos!' Eu lá quero saber DOS OUTROS? Só me interessa você! Era de pirar a cabeça de qualquer um. Não víamos a hora de crescer para nos vermos livres daquela perseguição. Veio a adolescência, e que desespero: descobrimos que OS OUTROS estavam mais fortes do que nunca, ávidos por liquidar com nossa reputação. 'Você vai na festa com esta calça toda furada? O que OS OUTROS vão dizer?' 'Filha minha não viaja sozinha com o namorado, não vou deixar que vire comentário na boca DOS OUTROS', dizia a mãe de minha namorada. Não tinha escapatória: aos poucos fomos descobrindo que OS OUTROS habitavam o planeta inteiro, estavam de olho em todas as nossas ações, prontos para criticar nossas atitudes e ferrar com nossa felicidade. Hoje eles já não nos assustam tanto. Passamos por poucas e boas e, no final das contas, a opinião deles não mudou o rumo da nossa história. Mas ninguém em sã consciência pode se considerar totalmente indiferente a eles. OS OUTROS ainda dizem horrores de nós. Ainda têm o poder de nos etiquetar, de nos estigmatizar. A gente bem que tenta não levá-los a sério, mas sempre que bate uma vontade de entregar os pontos ou de chorar no meio de uma discussão, pensamos: Não vou dar este gostinho para OS OUTROS. Está para existir monstro mais funesto do que aquele que poda nossa liberdade."
(Texto: Os outros, de Martha Medeiros)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Os inimigos da verdade.

Não resisti e segue mais um texto de Martha Medeiros - assim como eu, deliciem-se!

Acabo de ler um livro espetacular, Quando Nietzsche Chorou, de Irvin Yalom, que narra, em forma romance de ficção, o nascimento da psicanálise. É uma leitura inquietante e ao mesmo tempo acessível, que tem como personagem principal um dos maiores filósofos do século 19. Entre tantas frases geniais, escolhi e comento uma: "Os inimigos da verdade não são as mentiras, mas as convicções". Realmente.
Nossas convicções é que impedem que a verdade se estabeleça em nossas vidas, são as convicções que nos aprisionam, nos limitam e nos segmentam por grupos, impedindo que a gente desenvolva nossa singularidade.
O amor é eterno: verdade ou mentira? O amor acaba: verdade ou mentira? São convicções que só podem ser comprovadas quando vivenciadas, e podem ser vivenciadas tanto uma coisa quanto a outra: amores finitos e infinitos. Costumamos teorizar sobre o assunto, mas nossas conclusões são meros chutes, pois os amores não simpatizam nem um pouco com estatísticas e enquadramentos, cada amor é de um jeito.
E seguimos nós: não sou mulher disso, não sou homem daquilo, nasci para ser mãe, não nasci para casar, eu me garanto, eu sei de tudo, aquele ali não presta, aquela outra não vale nada, só quem dá duro é que vence na vida, só os trouxas é que se matam trabalhando, não preciso de terapia, não vivo sem terapia, nasci para brilhar, tudo dá errado pra mim: e todos têm certeza do que estão dizendo - certeza absoluta.
Alguém lá tem certeza do que quer que seja? Somos todos novatos na vida, cada dia é uma incógnita, podemos ser surpreendidos pelas nossas próprias reações, repensamos mil vezes sobre os mais diversos temas: as ditas "certezas" são apenas escudos que nos protegem de certas mudanças. Mudar é difícil. Crescer é penoso. Olhar para dentro de si mesmo, profundamente, é perturbador. Não somos todos iguais como damos a entender. Mas vivemos todos de um jeito muito parecido. É mais fácil se manter integrado, é mais seguro saber direitinho quem se é e o que se quer da vida. Eu nunca vou fazer isso, eu jamais terei coragem de fazer aquilo: será mesmo? Quanto medo das nossas capacidades. Melhor adotar meia dúzia de convicções, assim fica mais fácil de manter o rumo. Que pode ser o rumo da verdade, mas também da mentira.


Felicidade realista.

Eu, me embebedando com Martha Medeiros nos intervalos desta segunda-feira cheia de energias e expectativas. Com um trabalho importante quase concluído, e com milhões de pensamentos e planos pela frente. E como não poderia faltar... Com um mantra na cabeça, aquele que a voz do inconsciente sussurra aos pouquinhos:
"Que tudo dê certo", "Que tudo dê certo", "Que tudo dê certo"...  
Jogo estas boas e sempre quistas palavras abaixo (texto esse que já foi publicado nesse espaço antes, mas nada como relembrá-lo).


De norte a sul, de leste a oeste, todo mundo quer ser feliz. Não é tarefa das mais fáceis. A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.
Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis. Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica, a bolsa Louis Vitton e uma temporada num spa cinco estrelas. E quanto ao amor? Ah, o amor… não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.
É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Por que só podemos ser felizes formando um par, e não como ímpares? Ter um parceiro constante não é sinônimo de felicidade, a não ser que seja a felicidade de estar correspondendo às expectativas da sociedade, mas isso é outro assunto. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com três parceiros, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.
Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.
Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar. É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz, mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um game onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo.

Sentimentos indecisos.

O sentimento é um indeciso. Nunca está 100% convicto. Por uma amiga: o sentimento inclina-se para o bem, o sentimento é de afeto pleno, mas surpreendemo-nos ouvindo suas aflições e sentindo com isso uma alegria maligna. Que espécie de amizade é essa, verdadeiramente amorosa, porém suscetível a uma humanidade que nos envergonha e dói?
O sentimento pelos pais, representantes de Deus em nossa casa, os nossos criadores: dependemos de seus olhares e de suas palavras, queremos deles aceitação – em vão. Basta estarem de desacordo com a nossa verdade para repudiarmos seus valores arcaicos, e então alternadamente detestamos e amamos os pais, absorvemos com a mesma intensidade o sufocamento familiar e a divindade familiar, os queremos por perto e os queremos apartados de nós, e isso é amor enorme e confuso.
E assim sucede com pessoas várias. Colegas, compadres e vizinhos, seres que nos agradam e nos repulsam, que são admirados e desprezados, que provocam em nós sentimentos dúbios em horas alternadas, porque o sentimento é assim, histérico. Você ama o caráter de alguém e lhe odeia o dente amarelado, você admira a inteligência do outro, mas não entende como pode ser tão rude, você quer seu marido sempre por perto, e às vezes longe, e ele quer a esposa sempre ao lado, mas quieta.
O sentimento não suporta tudo. Mas é deste tudo que é feito um sentimento: de choques e prazeres, de desejos e solidão. O sentimento fatiado não existe. Lascas só de sentimentos bons: não. Vem sempre junto a parte estragada.
De nacos frescos e contaminados é feito todo sentimento. O nosso por nós mesmos, maior exemplo. Gostamos de nós, mas queríamos mudar. Temos orgulho do nosso caminho até aqui, e tantos arrependimentos. Gostamos da nossa boca, mas não dos olhos, gostamos do queixo, mas não dos cabelos, gostamos do rosto inteiro, mas precisamos emagrecer, e essa mesma satisfação e insatisfação ocorre por dentro: queríamos mais fígado, menos coração mole, mais estômago, menos dores de consciência, mais alma, mais sono, mais paciência.
Um sentimento decidido? Não há. Paixão ou ódio, estão sempre divididos.

(Martha Medeiros)
 
[Em mim hoje, só o que permanece convicto é o querer dar o melhor de mim -sempre-. Assim como a vontade absurda de agarrar com unhas e dentes uma nova oportunidade surgida recentemente - Que Deus faça com que tudo corra bem]

sábado, 15 de outubro de 2011

O Sermão da montanha (versão para educadores do século XXI no Brasil)

Hoje, dia do Professor. E estranhamente, acordei com a lembrança de uma que marcou minha história estudantil, ao qual hoje, mesmo sem notícias suas, o carinho e a admiração são enormes. A abraçei no sonho com um sentimento tão grande de agradecimento, que acordei com saudades. Ela, como sempre fez, me apoiava para sempre seguir em frente. Esta mulher me fez gostar de ler, de escrever, de copiar duas vezes os exercícios as quais ela passada, insistindo como ninguém para aperfeiçoar minha caligrafia. E lembro bem, sempre dizia: "Ainda vou ouvir muito falar de você."
Tenho, ou não tenho, todos os motivos do mundo para admirar essa mulher?
Hoje, quero desejar MUITAS BÊNÇÃOS a todas as pessoas envolvidas com a meritória atividade de produzir o ensino e a aprendizagem. Que o reconhecimento e o respeito seja rotina em suas salas de aula. Que o sentir do dever cumprido se faça presente em todo término de encontro.
E como não só posso parabenizar aqueles que com coragem e determinação fazem a diferença defendendo a vocação, quero agradecer a todos que assim como esta especialmente falada acima, consciente ou inconscientemente colaboraram e fizeram parte do meu longo caminho de aprendizados (e oportunidades).
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O texto abaixo é encontrado comumente na internet. Venho trazê-lo fazendo referência ao dia de hoje, e com ele, uma reflexão para as atividades de grandes mestres atuantes (e que merecem todo o respeito do mundo), que são os professores. Um beijo especial a todo este elenco lindo de protagonistas que vivem por aí.
E naquele tempo (anos 2000 e tantos d.C), Jesus subiu a um monte, num famoso distrito brasileiro, seguido pela multidão e, sentado sobre uma grande pedra em praça pública, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem. Ele os preparava para serem os educadores capazes de transmitir a lição da Boa Nova a todos os homens.
Tomando a palavra, disse-lhes:
- Em verdade, em verdade vos digo: Felizes os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus. Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Felizes os misericordiosos, porque eles...? (aguardando que alguém completasse a frase)
Pedro o interrompeu:
- Mestre, vamos ter que saber isso de cor?
André perguntou:
- É pra copiar?
Filipe lamentou-se:
- Esqueci meu papiro!
Bartolomeu quis saber:
- Vai cair na prova?
João levantou a mão:
- Posso ir ao banheiro?
Judas Iscariotes resmungou:
- O que é que a gente vai ganhar com isso?
Judas Tadeu defendeu-se:
- Foi o outro Judas que perguntou!
Tomé questionou:
- Tem uma fórmula pra provar que isso tá certo?
Tiago Maior indagou:
- Vai valer nota?
Tiago Menor reclamou:
- Não ouvi nada, com esse grandão na minha frente.
Simão Zelote gritou, nervoso:
- Mas porque é que não dá logo a resposta e pronto!?
Mateus queixou-se:
- Eu não entendi nada, ninguém entendeu nada!
Um dos fariseus, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem ensinado nada a ninguém, tomou a palavra e dirigiu-se a Jesus, dizendo:
- Isso que o senhor está fazendo é uma aula?
- Onde está o seu plano de curso, plano de ensino e a avaliação diagnóstica?
- Quais são os objetivos gerais e específicos a serem atigidos?
- Quais são as suas estratégias para recuperação dos conhecimentos prévios?
Caifás emendou:
- Fez uma programação que inclua os temas transversais e atividades integradoras com outras disciplinas?
- E os espaços para incluir os parâmetros curriculares gerais?
- Elaborou os conteúdos conceituais, processuais e atitudinais?
Pilatos, sentado lá no fundão, disse a Jesus:
- Quero ver as avaliações da primeira, segunda e terceira etapas e reservo-me o direito de, ao final, aumentar as notas dos seus discípulos para que se cumpram as promessas do Imperador de um ensino de qualidade. Nem pensar em números e estatísticas que coloquem em dúvida a eficácia do nosso projeto de ensino. E vê lá se não vai reprovar alguém!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O que você quer ser quando for criança?

Vi esta pergunta anexada a alguns brigadeiros que comprei esta semana num quiosque de um shopping aqui do Recife. Estes brigadeiros diferentes, vindos em mini potinhos, ou mini panelas, ou confeccionados em bastões, são uma delícia de se ter, presentear, adquirir. E não só pelo gosto (delicioso), mas pela associação da imagem representativa do brigadeiro... na infância!
A semana é voltada para o dia das crianças, e eu gostei particularmente da abordagem. "O que você quer ser quando for criança?"
Quando menina, quando a pergunta era "O que você quer ser quando crescer?", queria que o tempo voasse rápido, queria completar minha maior idade e ser "independente". Já quis ser bailarina, artista, pediatra. Já quis sentar na cadeira de Fátima Bernardes, ser uma grande repórter, me imaginava viajando pelo mundo inteiro. Me imaginava em novelas. E como era bom ter todas estas possibilidades nas mãos, me esquivando da impossibilidade de alguma delas.
Hoje quando me pego respondendo perguntas como a que deu origem a esta postagem, retorno e reafirmo querer um mundo mais inocente, mais leve, com menos rótulos. Um mundo menos complicado, com mais amor, mais respeito. Quero brincar de sociedade justa, de abraços verdadeiros, de "pega-ladrão". Quero me afogar em sorrisos, distribuir milhares de beijos, cantar o amor e respirar a arte. A simplicidade. A honestidade.
Quem dera tivéssemos mais momentos sublimes e memoráveis com uma maior frequência. Quem dera pudéssemos ser crianças e exalar isso tudo com mais naturalidade.
E você, aí: "O que você quer ser quando for criança?"

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Tudo novo, de novo.

Junção de ansiedade com expectativas (amontoadas e jogadas pela casa). Um misto de curiosidade, do deixar pra trás, da busca, do querer fazer (bem feito), e viver intensamente cada fase presenteada. Gosto pelo novo, pela nova experiência, pelas dificuldades impostas, pelos obstáculos aos montes. Gosto por sugar e obter tudo que minha enorme inquietação e fome deseja. Tenho sede, e muita!
Não faz muito tempo, minha inquietação mental clamou por mudanças (repentinas, irrecusáveis, que me fizessem sentir e curtir a sensação de querer superar-me cada vez mais - e a cada dia). De alguma forma, fui atendida.
Iniciando um novo ciclo, abrindo as portas para a entrada de novos ares, com dificuldades, mas com vários aprendizados impostos e extraídos. 
Eu, agradecendo infinitamente pela oportunidade. E com a certeza interna de que o retorno será marcado por novos (e deliciosos) capítulos. A criança que guardo comigo hoje está distribuindo sorrisos. E a mulher...
Equilibrando toda a boa energia possível para que tudo dê certo!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Nota do final de semana.

Camping + Amigos + Adrenalina. Direito a rapel, arvorismo, tirolesa e banhos de cachoeira. A mistura disso tudo com o acréscimo de boas garrafas de vinho, violão, cantorias a noite toda e ainda uma chuvinha leve na madrugada pra reforçar todo o contexto, com toda a certeza, fez do meu final de semana um dos melhores que já tive! Revigorei. Rejuvenesci alguns anos e tirei alguns quilos das costas. Companhias maravilhosas de se ter ao lado, um lual bom de se ter participado, distribuição de sorrisos aos montes durante todo o tempo.



A simplicidade mora ao lado da felicidade.

As flores.

Em um antigo mosteiro budista um jovem monge questiona o mestre:
- Mestre, como faço para não me aborrecer? Algumas pessoas falam demais, outras são ignorantes. Algumas são indiferentes. Sinto ódio das que são mentirosas. Sofro com as que caluniam.
- Pois viva como as flores! - advertiu o mestre.
- Como é viver como as flores? - perguntou o discípulo.
- Repare nas flores - continuou o mestre - apontando os lírios que cresciam no jardim. Elas nascem no esterco, entretanto, são puras e perfumadas. Extraem do adubo malcheiroso tudo que lhes é útil e saudável mas não permitem que o azedume da terra manche o frescor de suas pétalas. É justo angustiar-se com as próprias culpas, mas não é sábio permitir que os vícios dos outros o importunem. Os defeitos deles são deles e não seus. Se não são seus, não há razão para aborrecimento. Exercite, pois, é a virtude de rejeitar todo mal que vem de fora. Isso é viver como as flores.

Máscaras sociais.


As máscaras sociais são cada vez mais complexas e bem criadas, mas a realidade e a verdade estão sempre por trás delas. As pessoas enganam-se a si próprias. Vivem em piloto-automático, deixam a sua vida ao calhas, e não vivem com intenção, ou intensidade.
A personalidade é algo muito real e é através dela que TODOS nós funcionamos. Ela é composta por 3 grupos de características – Masculinidade (no caso dos homens) ou Femininidade (no caso das mulheres), Maturidade e Profundidade (ou ser-se Interessante). Os resultados que obtemos na vida dependem SEMPRE das qualidades, ou da falta delas, que fazem parte desses 3 grupos de características.
Um dos melhores lugares para se observar a diversidade entre comportamentos e personalidades é numa festa. Se for uma festa particular, onde você já conhece as pessoas de outras situações, ainda melhor.
Sobre as diversas personalidades e comportamentos, existem máscaras sociais de todo tipo e forma. É nossa prerrogativa e, de certa forma, nosso fardo. A todos nós cabe o uso ocasional de máscaras sociais, o que não equivale a dizer que haja falsidade, pose ou medo nisto.
A máscara social é a persona. Aquele verniz, aquela casca por cima do conteúdo, que, diga-se, é repleto de camadas, muitas das quais indecifráveis, intransponíveis, imperceptíveis. A casca que vestimos, o verniz que pincelamos, quando em contato com outros de nossa espécie, e quando em contato com grupos de outros de nossa espécie. É quase tão natural quanto respirar, e cabe a nós nos educar (nos conhecer) e determinar - ainda que não, conscientemente - a espessura desta casca, e o quanto ela deixará transparecer o conteúdo que a habita.
Se, no meio de uma festa, você pensar em olhar em volta, e para si, para observar a dinâmica do lugar, verá os múltiplos tipos de máscaras sociais que podem ser vestidas. Verá os enturmados, os reservados, os deslocados, os desconfiados, os carentes de atenção, os invisíveis, os curiosos, os naturais, os cínicos, os invejosos e uma infinidade de outros tipos, ou combinações de tipos, que podemos assumir quando em convívio social.
Tão curiosa essa reação natural do ser humano em situações de interação em grupos, e a grande diferença que existe, em muitos casos, entre o diálogo, por curto que seja, de um encontro um-a-um e o diálogo - ou falta de - no encontro pessoa a grupo. O número maior de pessoas no ambiente pode aquecer, intimidar, acender, dependendo do verniz escolhido por cada um, para a ocasião. Como se diante do espelho, vestíssemos, sem saber, a calça, a blusa, o sapato e a máscara. E só então saíssemos pela porta, rumo à festa.
À algumas pessoas, não se poderá sequer reconhecer. De outras, se verá o melhor e o pior. Outras serão hesitantes, ou familiares, ou refrescantes. Outras seremos nós, com a velha face que reconhecemos diante do reflexo, mas com um toque de multidão. E só Deus sabe o que ele poderá nos causar.
Precisamente e, preciosamente, ensinou Quintana. Sempre me senti isolada nessas reuniões sociais: o excesso de gente impede de ver as pessoas.

(Texto composto por trechos diversos online sobre o comportamento humano)

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Não me diga. Mostre!

Me deliciando com minhas leituras. E o texto que segue tive que transcrevê-lo. Retirado do livro de James C. Hunter, "Como se tornar um líder servidor", o autor faz questionamentos e considerações louváveis sobre características comportamentais. O autor também retrata qualidades como paciência, humildade, gentileza e respeito (conjunto difícil de encontrar costumeiramente por aí).
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Há quase oito séculos, São Francisco de Assis pediu a seus seguidores que "pregassem o Evangelho em todas as ocasiões, mas só usassem palavras quando fosse necessário". Em meus tempos de solteiro, quando circulava com meus amigos por bares e outros lugares que provavelmente não deveríamos frequentar, achava muito estranho quando um deles dizia, às três horas da madrugada: "Acho que eu vou voltar pra casa e ficar com minha esposa. Amo aquela mulher."
Lembro que pensava: "Você a ama e fica bebendo até essa hora da madrugada com a turma?"
Outra coisa que me espantava era quando um amigo dizia que amava os filhos, mas não conseguia encontrar tempo para brincar com eles. Lembro-me de suas preleções sobre a importância da qualidade do tempo em vez da quantidade. Eu especulava: "O amor é o que o amor diz ou o que o amor faz?"
De volta aos anos sombrios de meu trabalho como consultor, quando lutava com sindicatos e trabalhava com empresas problemáticas, eu costumava apostar com meu sócio quanto tempo levaria para o presidente vir com o "discurso do patrimônio":
- Jim, você precisa saber de uma coisa muito importante. Nossos funcionários são o nosso maior patrimônio. Amamos nosso pessoal.
Sempre que ouvia o "discurso do patrimônio", eu sentia vontade de dizer: "Devo confessar que cada vez mais fico mais impressionado com o que as pessoas fazem, e não com o que dizem."
Ralph Waldo Emerson resumiu de forma sucinta essa sensação: "O que você grita é tão alto em meus ouvidos que não posso ouvir o que está dizendo".
Aproveitando que os participantes de meus seminários e workshops vêm dos mais variados segmentos, de operadores de máquinas industriais a estudantes, de trabalhadores braçais a médicos, de escoteiros a diretores das maiores empresas dos EUA, frequentemente peço que relacionem as qualidades de um grande líder. Gosto de conhecer a sabedoria do grupo em relação ao que mais importava quando se assumia a liderança.
A princípio, fiquei surpreso ao descobrir que as listas citam quase sempre as mesmas qualidades: honestidade, respeito, firmeza, justiça, atenção, articulação, dedicação e previsibilidade.
Certa vez, compareci ao casamento de um grande amigo e ouvi o trecho bíblico 1 Conríntios 13, mais como "Passagem do amor", muito usado em casamentos, inclusive o meu próprio. Mas desta vez foi diferente. Talvez o discípulo estivesse finalmente pronto. Eis que o pastor disse: "O amor é paciente, o amor é gentil, não é pomposo ou arrogante (humilde), não age de maneira incoveniente (respeituoso), não procura seu próprio interesse (altruísta), não se regozija na injustiça, mas na verdade (honesto), suporta todas as coisas, nunca falta (dedicado)."
Qualquer pessoa pode se tornar cônjuge, pai, mãe, chefe e treinador, mas quando surge uma crise é que se descobre quem é quem. Para mim, estas qualidades do amor representam a própria essência da liderança. Elas não apenas definem liderança, mas também representam o verdadeiro significado de caráter. Afinal, amar uns aos outros, liderança e caráter são para quem faz a coisa certa.
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Gostei particularmente da leitura. Dos valores. Das colocações. E da aplicação prática. Pela busca e esclarecimento de comportamentos autênticos, sinceros, sem arrogância e despido de qualquer vaidade. Características admiráveis e que nos fixam verdadeiramente a tudo que não é passageiro ou falso de ter ao lado. Aquilo que é pesado e avaliado e que nos afasta do que é dispensável, do que é pouco importante e do que se torna perda desnecessária de energia.

Manifesto na rede social (facebook)

Essa semana uma campanha nova surgiu na rede social do facebook: trocar a foto do perfil por um desenho animado ou personagem de gibi que marcou sua infância até dia 12/10 (dia das crianças) como uma forma de manifesto contra a violência infantil.
Num primeiro momento, me perguntei como (de fato) isso proporcionaria o objetivo contido no manifesto. Trocar simplesmente a foto do facebook mecanicamente, sem associar à mudança de atitudes, políticas sociais, educação, críticas ao governo e outras tantas colocações está longe de fazer cócegas no cenário atual.
Mas parei um pouco. Me permiti voltar aos desenhos que realmente marcaram minha infância... [E como foi BOM relembrá-los!] E (re)lembrar detalhes: as músicas dos filmes da Disney, as falas já decoradas depois de tanto assistir, das fitas jogadas, espalhadas pelo quarto. Do quanto se pedia pra ser colocada novamente e assistir a toda a história sem cansar. Ou do desenho, que passava sempre na mesma hora, com continuação do final não obtido no dia anterior. Do não compromisso. Da ansiedade boa de se ter. Da boa infância aproveitada.
... Como foi BOM sentir a cada mudança de foto dos amigos identificação. Ter minhas lembranças, associadas a outras tantas e também me enxergar na foto de outras pessoas. Ter permitido que a nostalgia entrasse e sentasse na minha sala. Ter tido curiosidade para saber aqueles os quais não conheci de imediato, mas que marcaram outras épocas.
Reafirmei a infância boa que tive a sorte de ter. Sem violências.
Não sou mãe (digo isso por que mães e pais que acompanham os desenhos que seus filhos assistem devem ser mais atualizados que eu) - mas tenho crianças que amo e que convivem comigo. Percebi que não tenho domínio da qualidade sobre o que elas assistem hoje em dia. Percebi o quanto tenho recordações de várias épocas, dos detalhes, e como eles são importantes para mim hoje. Reafirmei o quanto se deve ter cuidado ao abordar uma criança e lidar com seus inocentes (e tão frágeis) sentimentos. De suas necessidades imediatas (que a correria por muitas vezes nos atravessa), e que são tão importantes.
Já é um desejo meu que estas minhas crianças (e todas as outras) tenham um bom acesso à educação, a um crescimento digno, saudável, e sem violência. Entendo que algumas pessoas não enxerguem resultado imediato (também não o vi no início), mas digo que tive depois deste manifesto (e ainda continuo tendo a cada visualização de um desenho novo) bons resultados.
Apoiando sua continuação. E quem quer que tenha o criado, dou meus parabéns!

Os dois lobos.

Uma noite, um velho índio falou ao seu neto sobre o combate que acontece dentro das pessoas. Ele disse:
- Há uma batalha entre dois lobos que vivem dentro de todos nós.
- Um é Mau: é a raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça, arrogância, pena de si mesmo, culpa, ressentimento, inferioridade, orgulho falso, superioridade e ego.
- O outro é Bom: é alegria, fraternidade, paz, esperança, serenidade, humildade, bondade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé.
O neto pensou nessa luta e perguntou ao avô:
- Qual lobo vence?
O velho índio respondeu:
- Aquele que você alimenta!
(Autor desconhecido)

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Steve Jobs.


“Às vezes a vida te bate com um tijolo na cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me fez continuar foi que eu amava o que eu fazia. Você precisa encontrar o que você ama. E isso vale para o seu trabalho e para seus amores. Seu trabalho irá tomar uma grande parte da sua vida e o único meio de ficar satisfeito é fazer o que você acredita ser um grande trabalho. E o único meio de se fazer um grande trabalho é amando o que você faz. Caso você ainda não tenha encontrado [o que gosta de fazer], continue procurando. Não pare. Do mesmo modo como todos os problemas do coração, você saberá quando encontrar. E, como em qualquer relacionamento longo, só fica melhor e melhor ao longo dos anos. Por isso, continue procurando até encontrar, não pare" – (...)
"Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim: “Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia ele realmente será o último.” Aquilo me impressionou, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: “Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?” E se a resposta é “não” por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa.
Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo — expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar — caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Não há razão para não seguir o seu coração. Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração."

Parte do discurso de Steve Jobs durante formatura em Stanford, 2005. Não há dúvidas que vale o tempo dedicado a assistir o vídeo na íntegra.

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Steve Jobs, fundador da Apple, morreu nesta quarta-feira (5). Steven Paul Jobs fundou a Apple Inc. e foi um dos responsáveis por produtos que revolucionaram não só a indústria da tecnologia, mas também o mercado de entretenimento. Com temperamento controverso polêmico, o norte-americano Steve Jobs, como é conhecido mundialmente, criou um império pessoal de mais de US$ 8 bilhões e angariou milhares de fãs, seja por sua visão de negócios, seja por sua personalidade controversa.


terça-feira, 4 de outubro de 2011

Diferenças de necessidades - por Martha Medeiros.

“Procedíamos de galáxias diferentes, como dois cometas que se cruzam efemeramente no espaço. Ele vinha da infância e nunca tivera uma parceira estável, queria me viver até me esgotar, queria que montássemos juntos uma casa, que sonhássemos um futuro, que nos enchêssemos de compromissos de eternidade até as orelhas. Eu, provinha da fatigante travessia da idade madura, sabia que a eternidade sempre se acaba, e tanto mais cedo quanto mais eterna. E assim fui avarenta, me neguei a ele, afastei-o de mim. Quanto mais ele me exigia, mais me sentia asfixiada; e, quanto mais me regateava, mais ansiosamente ele queria me segurar. Dito isso, se ele se retirava, eu avançava, e então o perseguia e o exigia: porque o amor é um jogo perverso de vasos comunicantes.”

Gastei bom pedaço da coluna transcrevendo esse parágrafo do excelente livro “A filha do canibal”, da espanhola Rosa Montero, pois eu não saberia descrever melhor a razão de tantos desencontros amorosos. O relato refere-se a um homem e uma mulher com alguma diferença de idade – ela é a mais velha, lógico, como tem se tornado comum hoje em dia. Muitas pessoas duvidam que uma relação assim possa dar certo. Claro que pode. Tudo pode dar certo e tudo pode dar errado, e a idade nada tem a ver com isso, é apenas um detalhe na certidão de nascimento. O que transforma nossa vida amorosa num melodrama é a diferença de necessidades. Aí não há casal que encontre seu ponto de apoio, seu eixo e seu futuro.
Um quer compromisso sério: para o outro, amar já é sério o suficiente. Um quer filhos, o outro nem em sonhos. Um quer uma casinha no meio do mato, o outro é curioso, precisa de informação, cinema, teatro, gente. Um valoriza a transa antes de tudo, o outro acha que conversar é importante também. Ao menos, os dois gostam de dançar.
Um quer se sentir o centro do universo, o outro quer incluí-lo no seu amplo universo. Um quer fugir da solidão, o outro aceita a solidão. Um não quer falar de suas dores, o outro pergunta demais. Um briga. Os dois se amam, isso não se discute.
Um não precisa conhecer o mundo, o outro traz o mundo em si. Um é romântico para disfarçar a brutalidade, o outro é doce para despistar a secura. Um quer muito de tudo, o outro se contenta com o mínimo essencial. Nenhum dos dois liga pra dinheiro, mas o dinheiro quase sempre está no bolso de quem viveu mais. Um fica inseguro, o outro diz que nada disso importa, mas claro que importa.
Um quer que lhe dêem atenção 25 horas, o outro precisa que o esqueçam por uns instantes. Um quer aproveitar cada réstia de sol, o outro gostaria de dormir um pouco mais. Um gostaria de saber o que não sabe, o outro queria desaprender metade do que a vida lhe ensinou. Um precisa berrar, o outro chora. Um quer ir embora e, ao mesmo tempo, não. O outro quer liberdade, mas a dois.
Então um se vai e deita em todas as camas, sofrendo. E o outro mergulha sozinho na dor, sobrevivendo. Diferença de idade não existe. A necessidade secreta de cada um é que destrói ilusões e constrói o que está por vir.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Um quase acidente.

Um domingo normal, com a família reunida: dedicado ao aproveitamento dos primos, das crianças, das risadas aos montes. Cenário com água de coco, cervejas jogadas, dominó na mesa, boa música, aproximação. Um dia como outro qualquer, programado para sentir o sabor do bem querer, da paz que o mar traz, do descanso tão quisto. Seguiu bem, com sabor. Foi terminando com o gostinho que a maresia traz, depois de um tempo exposto a ela. Um dia com prognóstico bom de término, sem sobressaltos, com abraços findos. Volta pra casa, divisão dos carros. Viagem com a narrativa da prima de 06 anos do dia que teve, dos momentos, das brincadeiras aos montes, do mar tão amigo e do quanto tinha se divertido.
Eis a surpresa (aquelas surpresas as quais você faria de tudo para não tê-las). Um meio fio que não cabia no contexto, e uma virada súbita para seu desvio. Desgoverno. Contramão. Um quase capotamento. Três voltas. Sentimento de impotência e um abraço forte à criança que estava comigo. A parada, depois de alguns segundos intermináveis, estratégica e sem explicação. Todos intactos, assustados, desnorteados... Silêncio.
Um silêncio que carregou a insegurança e os pensamentos soltos com várias conclusões para o que poderia ter acontecido. Consciência recuperada para a tragédia que poderia ter sido. Nestas horas, quando a instabilidade toma conta e as projeções começam a ser feitas, todo mundo para. As conjecturas e as possibilidades tomam contam e as diversas explicações começam a ser vislumbradas: se voltam para os carros, que não estavam na avenida movimentada na entrada da noite de domingo, e ausentes também da contramão evitando uma possível (e iminente) colisão. O resultado que teríamos se a colisão tivesse acontecido. O resultado se minutos fossem acrescentados ou diminuídos. As pessoas amadas que estavam em risco de sofrerem consequências. As atitudes que poderiam ter piorado o cenário.
Começa-se o exercício da solidariedade: O colocar-se no lugar do outro. O sentir-se responsável por outras vidas. A culpa, e a dificuldade de aceitação do irmão condutor se alguém tivesse sido machucado, ou tivesse que passar por dificuldades de recuperação.
Inicia-se um processo de um quase aprendizado forçado: a avaliação imediata para as atitudes realizadas cotidianamente predominam, por um tempo. As escolhas tomadas diariamente começam a sofrer influência da quase fatalidade acontecida. A emoção, de todos estarem intactos predomina. O supervalorizar quem está do seu lado fica evidenciado.
E o agradecimento acontece. Seja por aqueles que acreditam em intervenções divinas, no destino, em anjos, em espíritos protetores presentes ou até mesmo na sorte. Independente da crença de cada um, quase acidentes tem sua serventia.
Eles acordam, mexem, nos fazem refletir. São adaptáveis para necessidades existentes de conscientização. Reforçam cuidados. Alertam perigos e nos faz enxergar a fragilidade a qual o ser humano é imerso, e que, por muitas vezes, não sente.

domingo, 2 de outubro de 2011

É, menina...

- Você deveria gostar de quem gosta de você.
- Mas ninguém escolhe de quem gostar.
- Mas pode escolher se quer sofrer.
- ...
- Eu posso te dar o que você precisa. E você pode se apaixonar por mim.
- Meu coração não está fazendo apostas. Ele já está ganho.
- Não precisa me chamar se isso mudar, vou estar por perto esperando você acordar.

sábado, 1 de outubro de 2011

Com a vida.

Nada melhor que palavras de Caio Fernando de Abreu que sempre caem bem para o início de outubro:

"Tô me afastando de tudo que me atrasa, me engana, me segura e me retém. Tô me aproximando de tudo que me faz completo, me faz feliz e que me quer bem. Tô aproveitando tudo de bom que essa nossa vida tem. Tô me dedicando de verdade pra agradar um outro alguém. Tô trazendo pra perto de mim quem eu gosto e quem gosta de mim também. Ultimamente eu só tô querendo ver o ‘bom’ que todo mundo tem. Relaxa, respira, se irritar é bom pra quem? Supera, suporta, entenda: isento de problemas eu não conheço ninguém. Queira viver, viver melhor, viver sorrindo e até os cem. Tô feliz, to despreocupado, com a vida eu to de bem". ---

E eu, avaliando as possibilidades. Sentindo as oportunidades. Sintonizando e equilibrando o máximo de energias (boas) possíveis. Vendo as páginas já construídas, projetando as muitas que faltam ainda, mas sentindo o sabor do que estou vivendo hoje. Sentindo as pessoas, os laços criados, curtindo tudo que há em mim e ao meu redor no momento. São meus cabelos mais curtos e mais claros. Ou meu corpo, mais encorpado. É minha expressão de menina, que ainda encontro quando me emociono e quando dou sorrisos largos. É minha postura de mulher que as tantas experiências passadas me permitem ter. É o olhar que quer enxergar saídas possíveis, sempre com doses de otimismo. São as pessoas que me acompanham e que se identificam cotidianamente. Pessoas como minha mãe, com suas superações diárias, seu amor com fervor que se multiplica, suas descobertas sutis. Como meu irmão, que embora diferente de mim em atitudes e pensamentos, se mantém aberto para aproximação e tem ganhos diários. São pessoas da minha família, são meus amores, minhas crianças, meus amigos e colegas de trabalho.
Fazendo balanços, permitindo a entrada, as diversas saídas... Escolhendo. Quem fica, quem vai embora, quem merece mais dos meus tantos sorrisos guardados, ou dos meus abraços contidos. E diariamente percebo que a prática de um bom filtro sempre retorna ao nosso favor. Nas escolhas diárias, nos menores investimentos. No mais, feliz com a pessoa que me transformo todos os dias e com o cenário a qual me permito inserir a cada passo.

...

"Mas quero ter a liberdade de dizer coisas sem nexo como profunda forma de te atingir. Só o errado me atrai, e amo o pecado, a flor do pecado"

(Clarice Lispector)