sábado, 27 de novembro de 2010

Notinha de saudade.

Um pouco ausente por aqui. Ok, ok: esperar posts diários é de uma petulância enorme da minha parte, mas como destino esse espaço para minhas idéias soltas e pensantes que precisam ser depositadas em algum lugar... Senti falta de destinar algumas horinhas aqui essa semana. Cheguei ao topo da revolta comigo mesma, eram tantas interferências que dei meu grito de guerra: "Pára cabeça, assim você me atrapalha!"... Pensava, logo não dormia. Tive até idéias bacanas que por hora, esqueci. Conclusões desorganizadas, um tanto desorientadas, fora de foco e pensando na vida como um todo me confundiram enquanto a saudade desse espaço aumentava. Daí a pensativa: "Por que um blog, meu Deus?" Podia ser um caderno, não podia? Um diário, uma agenda, qualquer folha de papel resolveria, sim? Pois bem: não. Primeiro, que a organização aqui se dá de uma forma automática: tão bonitinho voltar a dois anos atrás e ver as baboseiras que passavam na sua cabeça sem aquele cheirinho de poeira... Tão legal fazer comparações online das idéias que se teve, do que se têm, e da evolução (ou não) de pensamentos... (viva a tecnologia!) E segundo que: Gente, quem escreve, escreve com o intuito de alguém ler. Até os diários adolescentes em algum momento da sua necessidade de construção teve esse intuito: dividir com a alguém a possibilidade de confessar os mínimos segredos – nem que seja um irmão (a) ou amigo (a) petulante que pedisse pra ler algumas linhas (ou forçasse a vê-las).
Aqui, no meu caso, são idéias. Idéias, músicas, textos interessantes (na minha consideração, obviamente), reunião de frases, inquietações, ou até postagens sem motivo nenhum de existirem (como essa). Há quem use para disseminar idéias de roupas da moda, para dar conselhos de compras, para divulgar poemas, fazer sorteios, baixar CDs, declarar amores com livro aberto de sentimentos, entre tantas outras inspirações. – Acreditem, existe de um tudo por aí.
As criatividades e as necessidades de cada um são várias, de uma diversidade absurda (e gostosa de sentir na maioria delas).
. E... como não podia passar por aqui só para abrir esse parêntese, venho também responder a uma curiosidade íntima dos seres humanos... "Você ta bem?"
Respondendo...
- Estou feliz por tudo, Senhoras e Senhores: tenho um Deus que me dá força todas as manhãs, tenho saúde que me dá gás todos os dias, tenho aprendido muito. Tive uma semana cheia de idas e vindas, com troca de conhecimentos e acréscimos de informações importantes com todas as oportunidades cabíveis. Tenho uma necessidade de crescer e investir em mim mesma que não cessa, tenho uma família que me ama, tenho saudade de coisas lindas, tenho amigos (novos e antigos) que me fazem ser mellhor do que sou com pequenos momentos. Tenho recebido graças. Sou uma mulher de sorte. :)

domingo, 21 de novembro de 2010

Em harmonia. Em sintonia.

A felicidade é algo construído e alimentado dia a dia, com pensamentos, ações, decisões, otimismo e querer fazer sempre o melhor: por você e pelos outros. É gostar do que se faz, gostar do que se tem, valorizar a quem nos quer bem. É enxergar o outro, encarar as mudanças, aceitar as diferenças, as condições dadas, crescer com elas, ter ânimo para seguir em frente, confiar em Deus e nos caminhos que Ele escolhe. É ter paz: consigo mesmo, com os outros e com o ambiente em que vivemos. É fazer cada gesto e oportunidade únicos, aceitando nosso mundo, nossos presentes, nossas pessoas e nossa história, como parte de um equilíbrio natural vivenciado e alimentado cotidianamente da melhor forma. É prestar serviços sinceros, dar sorrisos verdadeiros, abraços apertados e reconhecer bons trabalhos. É reconhecer amigos, novos e antigos, e todas as contribuições que eles possam nos dar para nosso crescimento. Posso dizer que estou feliz. Danço diariamente uma coreografia diferente com todas as formas de amor existentes. Tenho a música e o amor comigo. Um amor que parte de mim, por mim mesma, e que atinge toda a circunferência à minha volta. Tenho recebido graças, todos os dias. Tenho evoluído e crescido bastante: com todas as formas e oportunidades dadas, habituadas, concedidas e pactuadas. Só tenho a agradecer: a Deus, aos meus anjos, à minha família, aos meus amigos, aos colegas, aos vizinhos, às surpresas, às crianças, à música, ao aprendizado, à troca... À minha vida! O ano está perto de concluir e de 2010 quero levar uma bagagem harmônica, melodias leves, passos firmes e um saldo muito positivo.
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"E cantar, e cantar, e cantar... a beleza de ser um eterno aprendiz..."

sábado, 20 de novembro de 2010

Consciência Negra

Hoje - Dia da Consciência Negra. Uma homenagem à Zumbi dos Palmares - um símbolo de resistêcia e luta contra a escravidão.
"Quanto ao racismo, ele se perpetuará enquanto dividirem os homens em brancos e negros, arianos e judeus, judeus e árabes, seja por que próposito for, de valorizar ou detratar uma raça ou religião em relação às outras. Enquanto a Humanidade não for encarada como uma só, presente em cada um de nós, teremos de concordar com Engels, outro banido dos manuais de citações em voga. Para ele vivemos ainda a “Pré-História da Humanidade”." - Joca Oeiras.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Crescer.

Impossível atravessar a vida... Sem que um trabalho saia mal feito, Sem que uma amizade cause decepção, Sem padecer com alguma doença, Sem que um amor nos abandone, Sem que ninguém da família morra, Sem que a gente se engane em um negócio. Esse é o custo de viver. O importante não é o que acontece, Mas, como você reage. Você cresce quando não perde a esperança, nem diminui a vontade, nem perde a fé. Quando aceita a realidade e tem orgulho de vivê-la. Quando aceita seu destino, mas tem garra para mudá-lo. Quando aceita o que deixa para trás, construindo o que tem pela frente e planejando o que está por vir. Cresce quando supera, se valoriza e sabe dar frutos. Cresce quando abre caminho, Assimila experiências... E semeia raízes... Cresce quando se impõe metas, sem se importar com comentários. Cresce quando é forte de caráter, Sustentado por sua formação, Sensível por temperamento... E humano por nascimento! Cresce ajudando a seus semelhantes, Conhecendo a si mesmo e Dando à vida mais do que recebe. E assim se cresce... Suzana Carizza.

Quem dera crescêssemos todos, sem exceção. Que fosse nos dado um manual de instrução e de bons comportamentos quando algo saísse errado. Chutamos todos os baldes, xingamos mais que o necessário, nos estressamos mais do que o permitido. E como saber redirecionar sentimentos, saber como agir, qual a melhor conduta...? Crescendo. Experimentando. Errando. Tendo consciência de que o resultado de um bom serviço sempre está acobertando experiência, vontade de crescer, erros anteriores e uma constante transformação. Reagir bem é consequência de muito trabalho anterior: consigo mesmo, com os outros, com seus limites. É não submeter-se ao estresse do depois, e sim à resolutividade do agora. É deter as informações certas, aplicá-las nos melhores momentos, e ter os melhores resultados. - Eu.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

As boas surpresas.

Decidimos nosso futuro constantemente. Todos os dias, com todas as escolhas, todos os redirecionamentos. Eu acordei com a cara do dia de hoje: apressada. Depois de um feriado, o organismo se (des)programa. Minhas urgências pessoais, meu ritmo e minhas obrigações se fizeram presentes, tudo, obviamente, no meu tempo. Fui acordada com um beijo gostoso, de despedida. Ela estava indo embora, e com um carinho incondicional me abraçou, deixando as recomendações normais, e seguiu, assim como também fiz, depois: segui. Fiz uma oração antes de sair. Agradeci por mais um dia, pelas decisões que tomei, pela saúde, pela comida, pela família, pelos amigos e pelo amor. Amor imenso que me rodeia diariamente: um amor só meu, grande, e que cresce todos os dias - um tal de amor próprio. Estou bem comigo, bem com o meio em que vivo, bem com as pessoas, feliz com as atitudes que venho tomando e principalmente feliz com a pessoa que me transformo sempre. Sem precisar carregar nenhum peso demasiado grande para as minhas forças e organizando por demasiado bem os meus pensamentos. Alimentando-os da melhor forma, com as melhores energias, com os melhores sentimentos. E isso, dia após dia. Vivendo com as belas surpresas, as maravilhosas magias, os tantos reencontros bons de sentir.
Hoje: surpresa boa de se ter. De se ver. De conversar. De saber. Tempo que não afasta. Que sensibiliza. Que reaproxima.

domingo, 14 de novembro de 2010

Felicidade, por Martha Medeiros.

"Ninguém sabe direito o que é felicidade, mas, definitivamente, não é acomodação. Acomodar-se é o mesmo que fazer uma longa viagem no piloto automático. Muito seguro, mas que aborrecimento. É preciso um pouquinho de turbulência para a gente acordar e sentir alguma coisa, nem que seja medo. Tem muita gente que se distrai e é feliz pra sempre, sem conhecer as delícias de ser feliz por uns meses, depois infeliz por uns dias, felicíssimo por uns instantes, em outros instantes achar que ficou maluco, então ser feliz de novo em fevereiro e março, e em abril questionar tudo o que se fez, aí em agosto, ser feliz porque uma ousadia deu certo, e infeliz porque durou pouco, e assim sentir-se realmente vivo, porque cada dia passa a ser um único dia, e não mais um dia. Eu não gosto de montanha-russa, o brinquedo, mas gosto de montanha-russa, a vida. Isso porque creio possuir um certo grau de responsabilidade que me permite saber até que altura posso ir e que tipo de tombo posso levar sem me machucar demasiadamente: alto demais não vou, mas ficar no chão o tempo inteiro não fico. Viver não é seguro. Viver não é fácil. E não pode ser monótono. Mesmo fazendo escolhas aparentemente definitivas, ainda assim podemos excursionar por dentro de nós mesmos e descobrir lugares desabitados em que nunca colocamos os pés, nem mesmo em imaginação.
E estando lá, rever nossas escolhas e recalcular a duração de “pra sempre”. Muitas vezes o “pra sempre” não dura tanto quanto duram nossa teimosia e receio em mudar." .
De norte a sul, de leste a oeste, todo mundo quer ser feliz. Não é tarefa das mais fáceis. A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos. Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis. Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas. E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito. É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Ter um parceiro constante, pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio. Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade. Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar. É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo.
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Marthinha, você é demais!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

As torres de dentro.

"Não tenho como escapar: um ano após os atentados, vou falar sobre o quê? Sobre o Red Hot Chili Peppers? A imprensa às vezes vira refém de certas datas. Tal qual a gente. Comemoramos secretamente o aniversário do primeiro beijo, da primeira transa, de todas as primeiras coisas bacanas que nos aconteceram. E das ruins também, das vezes em que as torres que construímos dentro de nós foram derrubadas. Cada sonho nosso foi construído andar por andar, e teve vezes em que ultrapassamos as nuvens, erguemos nossos prédios do milênio, mais altos que qualquer prédio de Cingapura, Shangai, Nova York. A psicanálise fala em castelos. É mais ou menos isso: sonhos aparentemente concretos. Já tive torres internas que foram ao chão. Torres altas demais para mim, torres que nem chegaram a ficar concluídas (as de dentro nunca se concluem), torres que me exigiram esforço e que me deram prazer, até que alguém, com uma frase, ou com um gesto, as fez virem abaixo. Tinha gente dentro, tinha eu. Torres são visíveis, monumentais: viram alvo. Um projeto empolgante demais, uma paixão incontrolável demais, um desejo ardente demais, idéias ameaçadoras demais: tudo isso sai da linha plana da existência, coloca-nos em evidência, a gente acha que os outros não percebem, mas percebem, e que ninguém se assusta, mas se assustam. Quem nos derruba? A nossa vulnerabilidade. Tem gente que perde um grande amor. Perde mais de um, até. E perde filhos, pais e irmãos. Tem gente que perde a chance de mudar de vida. E há os que perdem tempo. Os anos passam cada vez mais corridos, os aniversários se repetem. Tem gente que viu sua empresa desmoronar, sua saúde ruir, seu casamento ser atingido em cheio por um petardo altamente explosivo. Tem gente que achava que iria ter a chance de estudar mais tarde e não estudou. E tem os que acharam que iriam ganhar uma medalha por bom comportamento e não receberam nem um tapinha nas costas. E no entanto ainda estamos de pé, porque não ficamos apenas contando os meses e os anos em que tudo se passou. Construímos outras torres no lugar. Não ficamos velando eternamente os atentados contra nossa pureza original. As novas torres que erguemos dentro serão sempre homenagens póstumas às nossas pequenas mortes e uma prova de confiança em nossas futuras glórias."
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Martha Medeiros.
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Nada melhor que este texto para o dia de hoje.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Eu quero (Fliporto).

Querendo ir pra Fliporto. Querenco Clarice, querendo a vida dela que se conta, querendo a fotobriografia. Quero a sabedoria judaica. Quero Todos os homens são mentirosos. Quero Só. Quero ir a Olinda. Quero autógrafos. Quero poesia. Quero as palavras sussurradas, ditas, contidas, partilhadas, as idéias, quero tudo.
Quero demais também né? Mas não me canso de querer. Alguém traz isso tudo pra mim?

Aprender (sempre).

- Aprender a ler após os 50 anos de idade.
- Aprender a conectar-se com novas tecnologias aos 60.
- Encontrar, após muito tempo de procura, um filho perdido.
- Apaixonar-se e permitir-se após os 70.
- Continuar amando, dançando, curtindo (a vida, a música, os filmes, a tecnologia) mesmo com o passar dos anos.
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Notícias emocionantes. Boas de ouvir. Bom de ver. Crer que qualquer tempo é tempo para aprender. Da esperança consentida, aceita e divulgada. Crer na motivação encontrada com isso, de saber que os tempos mudam, e que é necessário acompanharmos as mudanças, sempre. Mesmo que para isso você tenha que iniciar um caminho novo, nunca visto, com dificuldades, curiosidades e descobertas gostosas de se ter. Ter nas mãos o sabor da superação. Do encontrar-se consigo mesmo, o de superar limites.
Maravilhoso deliciar-se com notícias assim. Não só emocionam, mas nutrem uma chama interna que não pode apagar nunca: acreditar nos outros, na vida, em si mesmo, e na capacidade de ser feliz!

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Ando lendo alguns sensacionalismos na internet. Um deles é uma declaração infeliz de uma paulista sobre o Nordeste, sobre o nosso povo, sobre a nossa cultura, englobando não só um nível absurdo de preconceito, mas de agressões sem sentido moral, ético, social e psicológico plausíveis. A declaração e os motivos que a fez dizer o que disse já estão tão espalhados pela internet, e são tão negativos, que me recuso a postá-las por aqui novamente. O que revolta é que embora o “grito” dela tenha sido o único penalizado, várias outras pessoas concordam com tamanha ignorância. O que faz uma pessoa chegar num nível intelectual, moral e social tão abaixo do que é digno de um ser humano? Me recuso a acreditar que essa seja a concepção e conclusão da maioria. Me recuso ainda de crer que essa discriminação pode chegar a acusações e expressões mais graves que essa. Talvez esteja sendo ingênua, mas prefiro ser, temos que abraçar a idéia de uma maioria mais justa e que defenda de braços abertos a miscigenação e as diferentes formas que o brasileiro possui. Não preciso listar aqui as qualidades nordestinas. Nem tão pouco as qualidades deles: dos paulistas, cariocas, amazonenses, ou seja lá de qual região ou estado for o que eu cite aqui. Cada um tem sua particularidade original, sua história, seu legado, seus bons e maus momentos. Cada um tem seu peso perante a nossa enorme nação brasileira. Cada um com sua cultura, com suas músicas, com seus créditos, indicadores e ações estaduais próprias. Cada um com seu jeito. Único. Intransferível. O que nos torna uma nação bonita, com várias cores, vários ritmos, dialetos, características, personalidades. É o que faz do Brasil o que ele é: um país de diversidades, um país multicultural, de cores, de lendas, multifatorial. O Brasil é um país de raízes mestiças, e que não constitui historicamente minorias. Deveríamos estar abertos às diferenças que faz do povo brasileiro um povo tão misto em nossas heranças culturais. É nesta pluralidade e na diversidade dos brasileiros que se pode construir o presente e perseguir o sonho do futuro possível.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Fora de mim.

"Decidi que não quero mais entender, não quero mais encenar, não quero mais que me expliquem essa bagunça, já não preciso ser conduzida a nenhuma espécie de iluminação. Atravessei paredes. Estou do lado de fora. É como se estivesse um fio de alta tensão bem perto dos meus pés molhados. (...) Não resistirei. Sei que está tudo errado e que o sofrimento me alcançará a cada minuto que eu perceber que estou sendo conivente com um hábito que me irrita, me agride, mas serei como uma platéia a que tudo assiste em silêncio e êxtase, com a respiração trancada. Não tenho mais forças para lutar contra o que se declara gigantesco em qualquer ser humano: a pulsão da entrega. (...) Com sorte, talvez eu consiga aceitar que no amor não existe moral da história, enfim." Texto do último livro lido de Martha Medeiros: Fora de mim. Editora Objetiva. 2010.
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Ela é fantástica. Recomendo.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Poema - Martha Medeiros.

se eu quisesse sairia da cidade moraria onde pudesse deixaria saudade partiria quando desse não interessa a idade andaria a esmo descobriria ruas iria sozinha pediria abrigo trabalharia à noite viveria de dia ouviria música saberia línguas pediria arrego trocaria o nome mandaria cartas choraria às vezes não envelheceria perderia o rumo cometeria erros distribuiria beijos arruinaria casamentos visitaria museus deixaria o cabelo crescer sorriria diferente montaria uma casa viajaria em cargueiro faria tudo isso se eu quisesse mesmo -

Quase (!)

Ainda pior que a convicção do não, e a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu ainda está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono. Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor, não me pergunto... contesto!
A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos “Bom Dia” quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência, porém, preferir a derrota prévia à duvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque embora quem quase morre está vivo, quem quase vive já morreu.
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Sarah Westphal

domingo, 7 de novembro de 2010

O grito (!)

"Não sei o que está acontecendo comigo", diz a paciente para o psiquiatra. - Ela sabe. "Não sei se gosto mesmo da minha namorada", diz um amigo para outro. - Ele sabe. "Não sei se quero continuar com a vida que tenho", pensamos em silêncio. - Sabemos, sim. Sabemos tudo o que sentimos porque algo dentro de nós grita. Tentamos abafar esse grito com conversas tolas, elucubrações, esoterismo, leituras dinâmicas, namoros virtuais, mas não importa o método que iremos utilizar para procurar uma verdade que se encaixe em nossos planos: será infrutífero. A verdade já está dentro, a verdade se impõe, fala mais alto que nós, ela grita. Sabemos se amamos ou não alguém, mesmo que esteja escrito que é um amor que não serve, que nos rejeita, um amor que não vai resultar em nada. Costumamos desviar esse amor para outro amor, um amor aceitável, fácil, sereno. Podemos dar todas as provas ao mundo de que não amamos uma pessoa e amamos outra, mas sabemos, lá dentro, quem é que está no controle. A verdade grita. Provoca febre, salta aos olhos, desenvolve úlceras. Nosso corpo é a casa da verdade, lá de dentro vêm todas as informações que passarão por uma triagem particular: algumas verdades a gente deixa sair, outras a gente aprisiona e finge esquecer. Mas há uma verdade única: ninguém tem dúvida sobre si mesmo. Podemos passar anos nos dedicando a um emprego sabendo que ele não nos trará recompensa emocional. Podemos conviver com uma pessoa mesmo sabendo que ela não merece confiança. Fazemos essas escolhas por serem as mais sensatas ou práticas, mas nem sempre elas estão de acordo com os gritos de dentro, aquelas vozes que dizem: vá por este caminho, se preferir, mas você nasceu para o caminho oposto. Até mesmo a felicidade, tão propagada, pode ser uma opção contrária ao que intimamente desejamos. Você cumpre o ritual todinho, faz tudo como o esperado, e é feliz, puxa, como é feliz. E o grito lá dentro: mas você não queria ser feliz, queria viver! "Eu não sei se teria coragem de jogar tudo para o alto." - Sabe. "Eu não sei por que sou assim." - Sabe.
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Livro: Montanha Russa - Martha Medeiros.

Desejo e solidão.

"Se existe uma coisa que me faz ganhar o dia é ler um livro que bagunça minhas entranhas. O último que conseguiu tal feito foi Uma desolação de Yasmina Reza, editora Rocco. É um monólogo de um ancião. Ele fala a um filho que não interage, apenas escuta. Há muitos argumentos para a desolação do personagem. Ele sente-se excluído do futuro e acredita que nada é real, a não ser o momento. Revela que a partir de certa idade, tudo dá na mesma. Que as pessoas gastam inutilmente seu tempo se ocupando. Que depois da juventude trocamos a paixão por ponderação, o que é um crime. E que a única coisa que existe é o desejo e solidão. Foi aí que minhas entranhas acusaram o golpe. Como eu disse antes, o personagem é um velho sem muito tempo de vida fazendo um inventário de suas perdas e ganhos. É nesta contabilidade que sobram apenas o desejo e solidão: tudo o mais lhe parece descartável. Não é uma visão oba-oba da vida, ao contrário, é uma análise cirúrgica, nossa alma a olho nu. Desejamos um lar, uma profissão, ter amigos. São as coisas que nos ensinaram a desejar, projetos socialmente aprovados. Mas o desejo tem vontade própria, é longevo e não se esgota no cumprimento de metas.
Nosso desejo é secreto, e sabemos muito bem que é ele e só ele que nos move.
"Não existe nada mais triste, mais sem graça que a coisa realizada", diz o personagem. Esta deve ser a grande angústia da idade avançada: mesmo tendo tido uma vida intensa e gloriosa, isso não basta. É preciso manter a ilusão pulsando, um alvo adiante, a perseguição contínua, para não sermos sepultados antes da hora. O desejo é um leão. Selvagem, carnívoro, brutal. Não permite acomodação: nos faz farejar, caçar, brigar pelo nosso sustento emocional. O desejo nos transpassa, nos rouba o sono, confunde o pensamento lógico. O desejo corrompe nosso bom comportamento, faz pouco caso da nossa índole irretocável. O desejo não tem pátria nem família, o desejo não tem hora nem tem verbo, o desejo ruge, nosso corpo é a sua jaula. Mas a gente acomoda e anestesia o leão em nós. Resta a jaula vazia. Já nenhum risco nos ameaça, nenhuma surpresa nos aguarda. Uma desolação, chama-se o livro."
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Crônica retirada do livro Montanha Russa - Martha Medeiros.

sábado, 6 de novembro de 2010

É assim que se faz.

Você vive inventando maneira De dizer sempre não pra dizer que me quer Tá fazendo uma grande besteira Desistir sem saber sem tentar sem viver Isso já tá virando novela Não precisa assistir pra saber o final Vem pra mim, então, eu vou lhe mostrar Vem pra mim, então, eu vou lhe mostrar É assim que se faz, é assim que se ama Assim te quero tanto, eu te quero bem É assim que se faz, é assim que se ama Assim te quero tanto, tanto oh, oh, oh (...)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Velhos tempos perfeitos.

Quem não sente saudade de não preocupar-se? Das brincadeiras sem malícia, do colégio, das descobertas, dos primeiros olhares inocentes, das amizades sinceras...?
Abraços apertados, teatros estudantis, rebeldias sem causas, coreografias e tantas outras artes fazem parte de um leque enorme de lembranças boas de um velho tempo perfeito. Amigos me fazem lembrar cada vez mais dessas nostalgias boas de sentir - de um tempo único. De propósitos leves. E as horas passam cada vez mais depressa. Os meses flutuam com suas características, e hora nos vemos em janeiro, com a ansiedade carnavalesca, hora nos vemos em novembro, nos preparando para as árvores de Natal. Louco e tempestuoso – assustador (!) Uuui... hahahaha
Quero mais tempos perfeitos. E no final, todos são. Todos de alguma forma trazem significados, aprendizados, acréscimos, risadas. O mundo mesmo sendo cruel em algumas vezes, nos diz sutilmente que sempre temos capacidade de escolhas para aprendermos sempre o melhor, em todos os sentidos – com todas as pessoas. É só extrair. Abstrair. Confiar. Se jogar – sem medo de se machucar.
Deixamos de lado o que está à nossa frente. Achamos que o tempo está a nosso favor. Relaxamos. E ai? E ai que ele passa, maltrata, não avisa, e cobra as contas depois. E desde que percebi a maliciosa conduta, quero tudo pra ontem, pra já, pra agora. Ninguém sabe quanto tempo pode-se agüentar antes que se queime totalmente. O trabalho não pode ficar pra amanhã. O abraço não pode ficar pra depois. O desabafo não pode ficar pra outro dia. A confissão tem que ser pra hoje. O beijo não pode adiar mais – não mais, não com essa vontade louca! Afinal de contas, quero mais tempos perfeitos - sempre!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Sei lá.

Tem dias que eu fico pensando na vida E sinceramente não vejo saída - Como é por exemplo que dá pra entender A gente mal nasce e começa a morrer (?) Depois da chegada vem sempre a partida Porque não há nada sem separação... Sei lá, sei lá A vida é uma grande ilusão Sei lá, Sei lá A vida tem sempre razão A gente nem sabe que males se apronta Fazendo de conta, fingindo esquecer Que nada renasce antes que se acabe E o sol que desponta tem que anoitecer De nada adianta ficar-se de fora A hora do sim é o descuido do não Sei lá, sei lá Só sei que é preciso paixão (!) Sei lá, sei lá A vida tem sempre razão.
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Só sei que é preciso paixão. Muita, e sem razão. Que não mude, que só aumente, que solte faíscas (!) Por que desejar, querer, tocar, sentir, nada mais que é que paixão, em si. E eu quero, muito!