No ano de 2010, tive uma aula de psicologia com um professor que fez reflexões singulares. A aula, arrastada por um dos meus finais de semana completo, estendeu-se das 8h a pouco mais das 19h, em ambos os dias, sem reclamações de ninguém (isso já diz tudo). Desde então, acompanho frequentemente seu blog, dedicado a posts sobre psicologia no geral (muito bons por sinal). Entre eles, o texto que segue abaixo.
Claro que o fim de um relacionamento é sempre doloroso, principalmente se não tiver sido você quem rompeu. Porém, existe um fator que envolve o futuro tanto de quem rompeu, como daquele que foi abandonado, ou, até mesmo dos dois quando há consenso na separação. O luto da perda
Quando nos separamos de alguém, começamos um processo de luto, em particular se fomos a parte abandonada. Esse luto é semelhante, na maioria dos casos, ao luto da perda de alguém pela morte. O outro(a) se foi... Não há o que fazer, a não ser passar a aceitar o processo. Não é tão fácil! É doloroso, e as vezes parece mortal. As vezes mobiliza a ira, o ódio, as ações para recuperação, etc... Assim sendo, fica difícil elaborar esse luto, essa perda, porque o outro(a) nos habita, é alguém a quem entregamos nosso coração, nossa alma muitas vezes. E agora, não basta que ele ou ela tenha ido embora, precisamos “assassinar” quem ficou dentro de nós, e isso dói, leva tempo, é causticante, e mais horrível ainda se há sentimentos nobres como carinho e o amor. Por isso, quando quem sai do relacionamento, sai de coração vazio, quando já houve a morte do(a) outro(a) imaginário, o sofrimento para este ser é menor do que para quem ficou. O luto é melhor elaborado, provavelmente já o foi por um bom tempo, a perda é muito menos dolorosa, e os sentimentos associados a ela também.
Quando entrar em outro relacionamento?
Apesar do velho ditado que diz que matamos um amor velho com um amor novo, se formos o “abandonado(a)” da história, e rapidamente nos envolvermos com outra pessoa para esquecer o que se foi, é comum que esta outra pessoa acabe sendo de alguma forma parecida com o ex ou a ex, seja fisicamente ou em comportamentos, e que a tratemos como tal, fazendo comparações e cobranças danosas. Isso tende a ocorrer principalmente porque o(a) outro(a) imaginário(a) continua habitando nossa mente, que acaba selecionando no mundo real alguém que corresponda ao nosso(a) outro(a) ideal ainda vivente, minimizando assim as dores, as angustias, as lembranças e a saudade daquele(a) que nos deixou. Isso ocorre mesmo que o antigo relacionamento tenha causado muito sofrimento e, acreditem, principalmente quando isso aconteceu, pois sofrimentos deixam marcas emocionais muito fortes. Por isso é aconselhável, se você foi abandonado ou abandonada, e não deseja repetir padrões antigos de relacionamento, ou ficar vivendo de comparações entre duas pessoas, que dê um tempo entre um relacionamento e outro, usando as energias para se divertir, curtir, encontrar novas formas de prazer, amigos, leituras, cinemas, viagens, ou até mesmo trabalho, antes de tentar outro relacionamento para ser levado a sério. É preciso um tempo para “matar” a saudade, a angústia, a dor que sobrou. Infelizmente, não se sabe quanto tempo.
Não se pressione, não tenha pressa e não gaste energia querendo matar o amor, ele é nobre. Mate simplesmente a presença do(a) outro(a) em sua vida. Não permita que ele(a) dirija seus passos. Ame-o(a) se desejar, mas não necessite dele ou dela para viver. Quando você já tiver conseguido se separar do(a) outro(a) imaginário, que é uma separação mais lenta e dolorosa que a do(a) outro(a) real, (repito, não se sabe quanto pode levar, então você estará pronto ou pronta para encontrar novas formas de amar sem querer preencher um buraco emocional que ficou (talvez continue amando a pessoa para sempre), e assim, poderá aceitar uma outra pessoa na sua integridade, na sua verdade, sem que ela tenha que ser ninguém a não ser ela mesma. Ou talvez não aceite ninguém, e simplesmente resolva aceitar a você mesmo(a) como a pessoa mais importante da sua vida. Insisto, não tenha pressa, mesmo que o mundo inteiro lhe pressione, siga seu tempo, prepare-se para ser feliz e não para simplesmente repetir relacionamentos, ou se preencher de outros. Não esqueça que não existem duas pessoas iguais, portanto, não se exija amar pessoas diferentes da mesma maneira.
Texto: Roberte Metring
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