Você já sentiu medo? ... Medo de perder alguém?
Medo de acordar e sentir que aquele abraço não dado, a oportunidade não aproveitada...
Passou? E que elas simplesmente não existirão mais?
(...)
Medo de perder, medo que tudo acabe e que não lhe avisem...
Medo que a vida de uma pessoa com valor incalculável passe a não existir...
MEDO (!)
É uma das únicas certezas que temos... É para todos, sem distinção. Mais cedo, mais tarde... Em qualquer época deixa a sensação que nunca cumprimos o que tínhamos de cumprir na passagem que estamos, sempre deixará a sensação que poderíamos ter feito diferente (e melhor) quando a perda é de alguém a quem amamos. O dia de amanhã não nos pertence... Os caminhos e designos de Deus não está nas nossas condições de entendimento, somos humanos! Confesso que as idéias desabam, se confundem, entram em desacordo, preenchem o vazio de forma tão alucinante que um prédio de 60 andares cai, (de repente) no meu cérebro... A tristeza repentina toma conta! Hoje assisti ao filme que conta a história de Chico Xavier, e todas estas sensações se misturaram de uma forma frenética e desrregulada. A perda de uma pessoa querida é sempre muito dolorosa. E nunca estaremos prontos para enfrentá-la. O espiritismo nos dá um conforto de que o encontro posterior se fará em outro momento, acalenta, acalma... Mas anseia!
E neste momento tão meu, tão "medrosa" e tão reflexiva ao mesmo tempo... Li uma crônica escrita por Marta Medeiros que diz foge um pouco da minha idéia principal, mas diz muito, e numa ordem bonita de se ver!
"A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro de nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido. Depressão é coisa muito séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente – as razões têm essa mania de serem discretas. “Eu não sei o que meu corpo abriga/ nestas noites quentes de verão/ e não me importa que mil raios partam/ qualquer sentido vago da razão/ eu ando tão down...” Lembra da música? Cazuza ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer. Pois é, pega mal. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara. “Não quero te ver triste assim”, sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la, e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a verborragia, e que desconfia de quem está calado demais. Claro que é melhor ser alegre que ser triste (agora é Vinícius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia. Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem pra isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor – até que venha a próxima, normais que somos."
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