segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Presente... (de um beija-flor)

Em meio a tantos tumultos... Uma surpresa agradável. Uma linda flor. Significado único. Paz interior. (...)
Que Deus conserve e guarde o coração dos humanos que choram, que sofrem, que se atormentam. Que Ele reserve em cada amanhecer um novo olhar diante a vida dos que lamentam. E que, diante todas as lágrimas, a esperança de dias melhores ainda surjam como a graça de receber a simbologia de um lírio... Em meio a tantos tumultos... Sendo uma surpresa agradável... (...) É uma linda flor.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Acaso - Álvaro de Campos

No acaso da rua o acaso da rapariga loira. Mas não, não é aquela. A outra era noutra rua, noutra cidade, e eu era outro. Perco-me subitamente da visão imediata, Estou outra vez na outra cidade, na outra rua, E a outra rapariga passa. Que grande vantagem o recordar intransigentemente! Agora tenho pena de nunca mais ter visto a outra rapariga, E tenho pena de afinal nem sequer ter olhado para esta. Que grande vantagem trazer a alma virada do avesso! Ao menos escrevem-se versos. Escrevem-se versos, passa-se por doido, e depois por gênio, se calhar, Se calhar, ou até sem calhar, Maravilha das celebridades! Ia eu dizendo que ao menos escrevem-se versos... Mas isto era a respeito de uma rapariga, De uma rapariga loira, Mas qual delas? Havia uma que vi há muito tempo numa outra cidade, Numa outra espécie de rua; E houve esta que vi há muito tempo numa outra cidade Numa outra espécie de rua; Por que todas as recordações são a mesma recordação, Tudo que foi é a mesma morte, Ontem, hoje, quem sabe se até amanhã? Um transeunte olha para mim com uma estranheza ocasional. Estaria eu a fazer versos em gestos e caretas? Pode ser... A rapariga loira? É a mesma afinal... Tudo é o mesmo afinal ... Só eu, de qualquer modo, não sou o mesmo, e isto é o mesmo também afinal. . . Álvaro de Campos

DO AMOROSO ESQUECIMENTO

Eu agora - que desfecho! Já nem penso mais em ti... Mas será que nunca deixo De lembrar que te esqueci? Mario Quintana - Espelho Mágico

domingo, 10 de agosto de 2008

Aos pais.

No Brasil, a idéia de comemorar esta data partiu do publicitário Sylvio Bhering e foi festejada pela primeira vez no dia 14 de Agosto de 1953, dia de São Joaquim, patriarca da família. E por que surgiu essa necessidade de comemoração? Pergunta com algumas hipóteses... Uma seria inveja de reconhecimento das mães, já que tiveram sua data comemorativa criada oficialmente em 1932. Essa “briga” frenética de anos. Outra mais simples seria tornar o comércio mais intenso nesse período: tudo girando em torno do capitalismo. Afinal de contas, atualmente temos dia pra tudo (!) E para vendas. Ainda, para os mais sentimentais, necessidade de agradecimento, participação entre famílias, reconhecimento e reserva de UM dia do ano para essas homenagens específicas. Parece que tudo é permitido nesses dias: acordar com um eu te amo, cartões sentimentais, presenteios, café na cama, ou seja, um dia para ser feito tudo que não é costumeiro fazer. Mesmo não tendo uma boa experiência paternal, hoje, em especial aos homenageados, gasto algumas linhas para descrevê-los. Indo contra as afirmações populares e feministas dizendo que “todos os homens são iguais” com algumas características distinguíveis... Nenhum pai é idêntico. Assim como todo ser humano também não é. Cada um com seus defeitos próprios, qualidades, formas de amar, acariciar suas crias, dizer como os ama, enfim, de exercerem os deveres e direitos de serem pais, por que existem incontáveis formas. Dos que estão espalhados por aí... (...) Existem aqueles que amam deliberadamente, que esperaram tanto por aquele momento de exercerem sua função que ficam eternamente abestalhados diante sua participação de criação. Existem os que não amam. Que não fazem a mínima questão de serem apresentados e de trocarem afetos. Existem pais por acaso, que não querem, mas aprendem a gostar. Têm aqueles que não gostam nunca! Aqueles que depois de um tempo, não se sentem mais responsáveis e passam a “obrigação” para outrem. E aqueles que fazem de seus filhos eternas crianças. Existem ainda aqueles outros que não podem ser pais. Não são biológicos, mas têm simplesmente o prazer do cuidado e execução dos direitos por anos (adotam). Existem aqueles que só dão presentes e a ausência. E, existem os que são sempre presentes e fazem da presença eternos momentos de amor. Aqueles que abandonam, e não sentem o menor prazer de terem procriado, deixando seus filhos não saberem que têm pai. Ainda há aqueles que não sabem que são pais. Têm pais que brigam, que discutem, que dialogam, que não falam. Têm aqueles que só olham. Existem os que seguram, que são amigos, que sabem respeitar. E ainda aqueles que não sabem fazer nada disso, mas estão lá! Existem pais de todas as formas, de todos os tamanhos, de todos os amores, de todos os enganos. Existem: muitos (!)... Incontáveis. Os homens podem ser iguais, mas os pais... Os pais: Ah, os pais não! Se todo homem tivesse consciência do seu material genético deixado, a responsabilidade de cuidar, se ser exemplar e de presenciar, saberiam estar cuidando atenciosamente do precioso grão dado por Deus para criarem suas árvores (e para seu próprio sustento mais tarde).
Aos que cuidam, aos que já foram fazer sua viagem eterna, aos que amam, aos que não são presentes, aos que não fazem por merecer, aos que se esforçam para merecerem... A todos os homens que deixaram suas marcas, segurança, e foram presenteados por Deus com essa graça, meus Parabéns! Tenham não só um, mas dias de afeições e homenagens simples e eternas. Que o dever de estar presente não só seja em um dia específico, mas que faça parte de uma rotina interminável para com seus filhos. Que sejam amigos, mesmo sendo diferentes. Que sejam eternos, mesmo quando não se pode estar junto. Que não esqueçam de amar, e do que têm para dar.
Amanda Negreiro

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

"PRECISA-SE"

Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar. P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilarecerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar. Clarice Lispector

"Mulher, dê valor ao sutiã que usa!"

Resolvi escrever sobre essa afirmação que freqüentemente recordo em uma expressão simples, e que ao mesmo tempo, diz tanto. Seria valorizar o preço ou marca da peça que segura suas mamas para deixá-la mais belas ou atraentes?
(...) A expressão, partida de um homem ao qual participava de uma conversa onde várias mulheres se lamentavam sobre problemas pessoais e íntimos, sejam eles: maridos, filhos, trabalho, casa, roupa e família pra dar conta, caiu como uma luva para reflexão de muitas delas. Ele, atento aos vários comentários e até fazendo parte (oposta) de alguns deles, levantou a voz e soou numa voz firme e alta: “Mulher, dê valor ao sutiã que usa!”... Não poderia ser outra a reação dos que estavam presentes, do que a surpresa e indagação daquela afirmação. Logo veio sua calma e simplicidade ao explicar que, mesmo diante dos diversos problemas que cada uma ali passara, seja qual fosse: desvalorização, decepção, sentimento de impotência, auto-estima prejudicada, amor próprio diminuído, problemas financeiros, estéticos, emocionais, enfim... Antes de tudo pensassem que nasceram mulheres. Isso mesmo! Mulheres... Esses seres que carregam consigo o poder de gerar, dar sustentação, abrigo, saciar sede e fome de uma nova vida humana. Um ser criado para reproduzir amor, para acalentar em seu peito qualquer frustração de outrem, para acariciar e dar carinho com simples palavras oferecidas... E ainda, o gênero que oferecendo coxa, ombro e abraço apenas para um mero descanso, poderiam amenizar qualquer problema visto! Foram agraciadas com doçura para amigos, compreensão aos filhos, inteligência para brigarem por seu espaço, organização para sua casa e sensualidade ao seu prazer. Cada uma com sua particularidade, sofrimentos, culturas, valores. São únicas! E capazes de dirigir suas vidas para o caminho que quiserem, por que a vida tem um leque e tanto para escolhas.
Por isso mesmo nasceram almas dignas de serem MULHERES.
Amanda Negreiro

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Palavras de um cérebro ativo.

"A personalidade criadora deve pensar e julgar por si mesma, porque o progresso moral da sociedade depende exclusivamente da sua independência."
"O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer."
"A luta pela verdade deve ter precedência sobre todas as outras."
"A tradição é a personalidade dos imbecis."
"Quero conhecer os pensamentos de Deus...O resto é detalhe."
"Detesto, de saída, quem é capaz de marchar em formação com prazer ao som de uma banda. Nasceu com cérebro por engano; bastava-lhe a medula espinhal."
"Os problemas significativos que enfrentamos não podem ser resolvidos no mesmo nível de pensamento em que estávamos quando os criámos."
"Época triste a nossa... mais fácil quebrar um átomo do que o preconceito."
"Grandes almas sempre encontraram forte oposição de mentes medí­ocres."
"O primeiro dever da inteligência é desconfiar dela mesma." Albert Einstein (...)
O mundo seria melhor se cada um pensasse por si mesmo. Tivesse a mínima capacidade crítica independente para analisar o que é melhor pra si, e não para os outros. Moralmente, progrediríamos sendo independentes de opiniões, e não baseados em tradições.
Seja fiel e verdadeiro consigo mesmo e com seus pensamentos, que não serás falso a mais ninguém. Por que seguir uma vida já pré-estabelecida desde sempre? Se a graça de viver está na independência de atitudes, e nas criações de momentos?