Já repararam que o bombardeio de notícias negativas incendeia os telejornais? E como se não bastasse, as pessoas se interessam mais por elas. Numa entrevista dada ao Faustão, Willian Bonner, afirmou que o objetivo de tal procedência seria a exposição à população do que precisa ser mudado. E realmente faz sentido... Mas as pessoas se acostumam tanto a reconhecerem momentos ruins ou fatalidades, que perdem um pouco a sensibilidade para diagnosticarem pequenos flashes de felicidade, cotidianamente, andando por aí.
Fui espectadora de um momento bom, simples, mas com pura felicidade expressa, bem ali, aos meus olhos... Intertida com mais um dia de estágio, estava estudando a patologia de um paciente, e por conseguinte prestando a assistência necessária. Paciente este com 82 anos, portador de doenças características da idade: hipertensão, diabetes, mas com complicações advindas das mesmas. Era a primeira vez que estava ali, prestando o cuidado como estagiária, e rodando pelo setor. Ainda tínhamos muitas informações a trocar, conversas para ter.
Sua rotina é receber a primeira visita (e sempre a esperada visita), da sua esposa, 70 anos. O rodízio de acompanhantes é realizado entre netas e filhos. Não sabia da visita da sua esposa até a entrada dela no quarto com um sorriso no rosto que irradiou o local e preencheu o coração do Senhor que estava à minha frente naquele momento. O bom dia foi contagiante, a recepção dele foi mágica. Olhos tão embriagados de ternura e amor pulsantes, fervorosos, que a presença da neta que estava ali, aguardando ser cumprimentada, ficou para segundo plano. A minha presença? Para terceiro. E aconteceu: o beijo dos dois foi capaz de tirar quaisquer dúvidas se a paixão ainda sobrevive na terceira idade. Ali, pude ver não só o respeito e a amizade construída de um casamento longo, mas a necessidade de amar, de sentir-se vivo. Foi satisfatório presenciar tal momento... Fiquei tão encantada que por alguns minutos minha mente foi bombardeada de pensamentos, fiz vários filmes e flashes baseados em histórias de outras pessoas, de outras experiências, de outras passagens.
E conclui que independente de cada caminho percorrido, é sempre bom acreditar no melhor de cada momento vivido.
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